Recados Esquisotéricos

Eu sempre fui um daqueles garotos que ficava intrigado com algumas "coincidências" que acontecem em nosso dia-a-dia, é o encontro inesperado, a desistência de sair no último minuto, aquela ansiedade estranha, enfim, aquele "improvável" que nos surpreende em algum momento e que parece nos dar um recado, uma pista. Eu já não sou mais exatamente um garoto, mas essas coisas ainda me chamam a atenção.

Dia desses, lá estou eu no metrô, dia já ia pela metade, n+1 coisas passando pela minha cabeça, quando meu olhar acha um daqueles monitores que ficam passando notícias dentro dos vagões, naquele exato momento, meu signo estava sendo mostrado... Mais que isso, se o texto, fosse um recado escrito por alguém para mim, não faria tanto sentido naquele momento!! Confesso que fiquei sem ação por alguns segundos, reli rapidamente para me certificar que não estava enganado, pensei em registrar com o celular, mas não havia tempo hábil... minha estação se aproximava.

Sempre que estou em São Paulo, faço uso do metrô e não tenho lembrança de conseguir ver meu signo naqueles monitores, nunca tinha visto, justamente porque os trajetos são curtos, coisa e tal. Mas aquele dia... profeticamente, lá estava ele!!!

Outro dia, em um dos poucos momentos que usei o computador, momento de dar aquela conferida nas redes sociais, como gostam de dizer os jornalistas, junto com meu perfil surge uma daquelas mensagens xeretas, Which city do you live in?! Não feliz, ainda apresentava algumas sugestões... 

Oi?! Como assim?! Poucos dias antes em uma conversa, um assunto relacionado vinha a tona e de certa forma desde então, o assunto vem sendo gestado... A inocente pergunta foi como um cutucão naquele machucado ainda dolorido... Touchè!

Essa semana, recebo o pedido de ajuda com um amigo, às voltas com vários documentos em inglês para ler e entender, ele me pedia ajuda, já que não domina a língua... Como eu não posso ver defunto sem chorar, e aproveitando que andava meio "desocupado"... rolou aquele Momento Super Mouse o seu amigo, vai salvá-lo do perigo. Combinamos que eu o ajudaria a traduzir o que fosse possível.

Seria tudo lindo, não fosse o documento ter mais de 20 páginas e de uma área não relacionada a minha... Ser amigo não é fácil! [ehehehe] Mas depois de umas 15 horas de trabalho, quando estava quase terminando... me veio a mente aquele "segundo de lucidez"... e me dei conta, que há dias venho me amarrando para fazer um processo semelhante para um projeto que venho negociando... ou seja, acho que o recado foi bem claro dessa vez! Mas para não restar dúvidas, ainda tenho dois outros documentos para "pensar" direito.  ;-)

E no meio tempo... também me dei conta de quantos "recados", eu atropelei vida a fora, por simplesmente não estar "atento", devo confessar que não foram poucos... em minha defesa, posso dizer que estes, em sua maioria, eram mais sensíveis para mim... o que não exime a minha culpa.

E assim minha semana tem ido... entre recados, reflexões e traduções!  :P
Amanhã, pelo poderes a mim investidos, eu decreto dia de tomar café... sobre o presente de "grego" que ganhei de um amigo, algo do tipo como balancear a equação:



That´s all folks! ;-)


"Porque aprendi, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica
Dá sempre para tirar um coelho da cartola."
(CAIO FERNANDO ABREU)

O Acaso vai...

A vida  e suas lições... me impressiona como somos cabeçudos às vezes, e como que um pouco de "fé" não faz mal a ninguém!

Eu estou afastado do trabalho, havia mais de um mês que não ia à minha casa, naquele pitoresco recanto fronteiriço em que eu resido, então, tendo em vista que minha licença foi prorrogada, eu resolvi ir ver se meu apartamento ainda existia. Foi uma experiência bacana, preciso escrever sobre essa viagem, mas agora preciso "observar" algo que acabou por se tornar uma interessante lição.

De acordo com os planejamentos, eu iria na terça-feira pela manhã e voltaria na quarta-feira, minha mãe me acompanharia, pois além da companhia, ela poderia dar um passeio também, além é claro de termos todo o tempo da viagem para nosso esporte favorito, conversar!!! Eu moro em uma cidade de fronteira, soy fronteirizo, que diferentemente de outras cidades de fronteira, essa é conurbada com uma cidade paraguaia, por essa razão, os centros da cidade unidos, sendo cortados por uma avenida, com um largo canteiro central, que na verdade é a fronteira entre Brasil e Paraguai. Não há posto alfandegário, não há barreiras, e entramos e saímos do país como quem atravessa a rua - aliás, a gente só atravessa a rua mesmo!!! ;-)

Meu apartamento fica em uma avenida paralela a "linha de fronteira", literalmente "à uma quadra do Paraguas", como eu brinco. Na quarta-feira, fomos comprar algumas coisas nos hermanos... Tomamos café e fomos a pé, depois de algumas compras, fomos direto para o carro - que estava em frente ao meu prédio. Em uma parada no banco, minha mãe perdeu que perdera uma carteira que ela carregava, nada muito sério, mas lá estava seu RG, alguns cartões e um pouco de dinheiro. O valor era mais psicológico do que necessariamente monetário, mas é ruim perder as coisas... Voltamos à última loja, refizemos o trajeto e perguntamos na academia que funciona próximo ao prédio, quem sabe alguém teria encontrado, mas nada!!!

Minha mãe ficou meio chateada, ela nunca perde nada! Mas se vão os anéis, os dedos ficam, e dos males o menor. Cartões cancelados, a única chateação é que ela tem uma viagem próxima e precisa de um documento com foto. Imagino que assim como nós, você deve estar pensando que esses documentos nunca mais seriam vistos, afinal, carteira perdida em uma cidade estranha, grudada em um país hermano... 


Mas não é que fomos surpreendidos pela danada hoje?! Uma pessoa, que mora próximo ao meu prédio, havia encontrado a carteira! Oi? Como assim?! Confere produção?!  Confere, o tiozinho, viu o cartão do banco, foi até a agência e pegou o telefone da minha mãe e então ligou para avisar que estava com ele, e que ela podia ficar tranquila. E viva as cidades do interior!!!

Uma amiga deve passar por lá hoje para buscar a carteira e provavelmente me enviará aqui na Capitar, de qualquer forma, mais uma vez fica a lição de que ainda existem pessoas boas... e que às vezes, a gente só precisa ter fé nas coisas! Minha mãe inquieta, sempre repetia que sentia como se a carteira não tivesse perdida... 


Mais uma lição para o meu caderninho!

No meio tempo, eu estou... por ai... preciso parar para escrever, mas não consigo parar! Várias coisas acontecem, e eu estou em meio a um torvelino de emoções! [ehehe] Mas ao mesmo tempo tudo está meio parado, um tempo estranho com certeza... mas, vamos que vamos...  mais tarde quem sabe eu consigo aquietar a cabeça para escrever um pouco.

"...O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar..."

Um Sentir

Sábado, 13h37 é o horário que o laptop marcar quando eu comecei a escrever, entretanto há outros fusos a me interessar... estou sentado displicentemente na mesa, pés apoiados na cadeira da frente... brigando com o sono...

Olhando pela janela, lá fora, um belo dia com direito a céu azul, sol, calor, parece convidativo... Tudo parece ter um colorido diferente hoje... Um clima de calmaria se faz presente no ar, o que contribui para aumentar meu sono. Mas continuo guerreando com ele... não quero dormir, prefiro ficar a esperar... Enquanto meus olhos observam o vento brincar com as cortinas, revisito pensamentos e conversas na minha mente, dou risada sozinho... suspiro.

Me distraio com os passarinhos lá fora... com seu canto, parecem querer me contar algo, que eu não consigo compreender, imagino o que você estará fazendo, por onde estará?! E a briga continua... talvez os sonhos possam me levar até a "minha pasárgada".. 

Silêncio... tudo calmo, tudo quieto...

E assim, vejo a tarde avançar da minha janela... entre pensamentos e sonhos, ainda acordado, eu continuo manhoso... a brigar com o sono...
....

E assim, meu sábado vai indo... devagar...

Abração...

"...E essa tal felicidade anda por aí,
disfarçada, como uma criança traquina, brincando
de esconde-esconde..."

Tempo, tempo, tempo

Eu e o Tempo, uma relação esquisita desde muito tempo...

Eu sempre aparentei ser mais novo, o tempo parece que demorou mais para passar por mim. Certa vez, uma radiografia realizada durante a adolescência mostraria que minha idade cronológica não batia com a idade do meu corpo, ele era mais "novo". Lembro que quando fui me alistar, todo mundo me perguntava se eu era voluntário, perdido entre tantos "homens feitos", eu parecia um garoto! 

Na contra mão do corpo, o tempo passou mais rápido para minha cabeça, e logo, eu sempre pensei como alguém mais velho, e foi assim que eu me vi fora do meu tempo, como se tivesse achado a máquina do tempo e de repente estivesse em um tipo de futuro. O que nunca foi exatamente uma "questão" para mim, talvez tenha me permitido ver mais coisas que meus parceiros de jornada, mas ver não é tudo... é preciso vivê-las..

Mas, para algumas coisas, o tempo se congelou para mim, e por isso, vez por outra ainda encontro no espelho, o reflexo daquele garoto de cabelos fartos, ansioso aos seus 17 anos, orbitando ao redor daquela menina que na época era sua grande paixão. Ainda que o corpo tenha crescido, mas aquele garoto ainda está lá, com os mesmos cabelos que o vento teima bagunçar antes que a primeira esquina seja dobrada, ainda encantado... não mais por ela, é verdade. 

Para as outras coisas, parece ter brincado com o tempo... assim, conquistou coisas cedo, deixou outras batalhas para mais tarde, e com a ousadia dos que desconhecem o perigo das coisas, se perdeu brincando com o que desconhecia... e assim, quando parecia que não ia mais conseguir colocar o seu tempo em ordem... o tempo, lhe apresentou as saídas, lembrando sua avó que sempre dizia: Tudo com tempo tem tempo!

E assim, enquanto busca acertar o tempo de "seus relógios", também espera o tempo dele... para quem sabe juntos, possam aproveitar...
o tempo!


...Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Entro num acordo contigo
Tempo, tempo, tempo, tempo...
[ORAÇÃO AO TEMPO, Maria Bethania]

Ah! As segundas-feiras... boa semana!

As Franjas

[Clique na figura para aumentar]

Eu não sou exatamente um garoto de praia, para ser sincero, creio que cabe nos dedos de uma mão as vezes que fui à praia. Mas isso não significa que eu não goste de praia, em especial, adoro o mar... além de caminhar sentindo a espuma nos pés, me encanta poder observar o mar, onda após onda, quebrando na praia, isso me acalma.

As vezes me pego pensando na época das grandes navegações, na sensação de se jogar ao mar, sem ao certo saber o que iria encontrar...  O tempo passou, os portos não são mais os mesmos, os navios cederam lugar a veículos mais modernos, mas as vezes, tudo o que a gente carrega, ainda é um certo medo do inesperado e o desejo de encontrar nossa tão esperada terra prometida.


Essa foto eu tirei a última vez que vi as "franjas do mar"... manhã de sol, Terra de São Salvador, uma conversa só entre eu e o mar...



Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por aí

O Plano de não ter um plano.


Eu sempre fui de planejar as coisas, eu sempre gostei de ter controle sob as coisas, tanto é que na equipe, eu sempre sou aquele que tem tudo o que os outros precisam, ou sabe quem pode ajudar [kkk]... Meu caderno de anotações é/era famoso entre os meus colegas da Firma, adivinha quem era o único que sabia a data em que determinada ação começou, ou o quê foi discutido quando?! 

Ironicamente, na contra capa dele há uma anotação dizendo que "vida" é o que acontece enquanto estamos ocupados fazendo outros planos. Pior, com a minha letra, mas eu nem me lembro quando ou porque coloquei aquela anotação lá... guilty as charged!

Fato é, que meus planos estão mega bagunçados nesses últimos tempos, não sei se caso ou compro uma bicicleta, início de Agosto eu tinha alguns planos para esse segundo semestre, a essa altura do campeonato, não faço menor ideia do que vai acontecer. Para ser sincero, até tenho uma ideia do que acontece com alguns, mas isso de repente parece tão menor, que não importa.

De verdade, parece que eu estou vivendo... depois de muito tempo, parece que tenho vivido um pouco... e tem sido bom! O meu caderno está aqui, ao lado do computador, mas a dias não o abro... parece que agora estou ocupado vivendo!

Essa semana acho que começo a ter uma noção melhor dos "próximos passos", quem sabe alguns novos passos possam ser dados, enfim... respirar fundo, e como dizia minha abuela, tudo com tempo, tem tempo!

"Às vezes é preciso diminuir a barulheira, parar de fazer perguntas,
parar de imaginar respostas, aquietar um pouco a vida
para simplesmente deixar o coração nos contar o que sabe.
E ele conta. Com a calma e a clareza que tem"
(CAIO FERNANDO ABREU)

Mea Culpa

Bom, eu estou de castigo por um tempo em casa por um tempo, e durante o final de semana, recebi o convite de uma amiga para que caso eu já pudesse sair, para visitá-la, uma paciente havia desmarcado e poderíamos conversar. Então, no dia combinado, lá fui eu... passei na minha padoca de eleição e fiz questão de comprar algumas coisas para animar a tarde. Na horário combinado, lá estava eu...

Foi um tarde muito boa, ela é aquela pessoa com quem podemos conversar abertamente, que nos faz bem conversar e desde minha mudança foram poucas as chances de uma "consulta" para mim... Como brincou um amigo, falei até dar caimbra na língua [kkk]. E foi nessas conversas, que acabei revisitando alguns pontos do meu passado, na verdade conversávamos, sobre o tempo das coisas e a dificuldade de ser um adolescente "passado".

Quando eu era criança, em Santo André mesmo (não em Barbacena), lembro que um dia um amigo da turma, não pode sair para brincar porque estava com caxumba, daquele dia em diante, bastava contar o tempo de incubação e todos os outros garotos foram "caindo"... na minha casa não foi diferente! Lembro de não poder sair da cama, tudo com muito cuidado! Mas eis que meu pai começa a reclamar de um pêlo engravado, minha mãe, de sombracelhas erguidas, decretou o veredito. Caxumba!

Meu pai fez graça, chamou-a de Maria Caxumba, e que tudo para ela era Caxumba! Lembro que ele foi jogar bola com os amigos, tomou sereno, tomou cerveja, enfim... se jogou!!! No outro dia, "o pêlo" havia inchado... de tal maneira que na primeira colherada de sopa, ele colocou as mãos na cabeça e saiu correndo de dor. Anos mais tarde, brincaríamos que a Caxumba "não desceu", porque não passou pelo pescoço... a coisa foi tão séria, que o médico não diagnosticou Caxumba, deixou em observação com receio que pudesse se tratar de algum tipo de abcesso. Meu pai perdeu a mãe muito cedo, ainda criança, e naquela época meu avô também já tinha falecido... e ninguém suspeitava que um burro velho não tinha tido caxumba quando era criança!.

Enfim, há coisas que são para ser vividas em determinadas épocas... conversando com ela, eu vi que na tentativa de fazer as coisas certas, mexi com a ordem de algumas coisas na minha vida... e assim como a ocorrência de uma doença infantil em um adulto, hoje eu tenho que descobrir coisas que supostamente já devia saber como lidar.

Por outro lado, fico pensando que foi justamente esse caminho, levemente tortuoso, que me tornou a pessoa que sou hoje. Será que se eu tivesse feito o dever de casa, eu seria diferente, ou estaria em algum "universo paralelo"?! Boa pergunta... mas não sei se as respostas me interessam, porque ao olhar ao meu lado, e ao meu redor, e ver todas as pessoas que me cercam... eu fico muito feliz por ter chegado até aqui...

E lá se foram os meus pontos... nem doeu! Confesso que estava, um tanto quanto cagado, oops, quero dizer apreensivo! Mas nem senti nada... cicatrização ocorreu de forma bacana e felizmente estamos indo bem. Hoje faz 15 dias que eu operei, estou aprendendo a entender os sinais que meu corpo tem dado, estou me acostumando a ideia de que agora sou uma pessoa que toma remédio para o resto da vida, mais que isso... tenho procurando entender o significado de todo esse "sacode" na minha vida...

Até por isso, ainda preciso escrever alguns emails de agradecimento... me assusto como as vezes podemos ser capazes de entrar em uma discussão ferrenha, mas como é difícil parar, olhar para quem nos é importante e dizer um agradecimento de coração... seja por timidez, seja por vergonha mundana, sei lá...  mas acho que agora já dou conta!

No meio tempo... eu fico por aqui, dançando com meus pensamentos!!! ;-)

Não importa ao tempo o minuto que passa, mas o minuto que vem
(MACHADO DE ASSIS)