Números complexos i = (0, -1)

Estranho mundo estranho! Não sei o por quê?! Mas é essa a sensação que tenho comigo hoje... tenho um gosto agridoce na boca, daqueles que não sei ao certo se gosto, ou não gosto, mas que sinto que ele está ali... 

Minha semana foi um torvelino de emoções! De bom, ficou a sensação de um reencontro... de encontrar novamente o gosto por aquilo que escolhemos fazer, e sem falsa modéstia, sabemos fazer bem.

De "quase bom", fica a certeza de que algumas perdas são inevitáveis em nossa vida, e que por mais que tentemos usar do "modus esperneandi" para retardar a aceitação deste fato, não há jeito. Agora, o tempo também tem me mostrado que as vezes não é de todo ruim, "porque para seguir em frente a gente tem sempre que deixar alguma coisa para trás"... (alusão ao título do post).

Essa frase, que fechava um curta metragem que assisti algum tempo atrás, me veio a mente essa semana... tal qual as antigas batalhas, em alguns momentos a gente se preocupa tanto em ter razão, que se esquece pelo o que luta. E talvez por isso, reafirmo ao Universo que estou "formalmente" desistindo... deixo neste momento os poucos grãos de areia a que vinha me agarrando ao longo do caminho. E, é com as mãos abertas, sentindo o vento passar por elas... que estou me preparando para o novo!

E, quem sabe o novo, até possa chegar antes do Ano Novo! ;-)

No mais... para além dos pensamentos, só me resta uma pilha de papéis para despachar essa semana e os preparativos de uma viagem, que apesar de curta me permitirá ver as "franjas" do mar antes do ano virar.

Enquanto não superarmos a ânsia do amor sem limites;
não poderemos crescer emocionalmente!
Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão;
continuaremos a nos buscar em outras metades!
Para viver a dois; antes; é necessário ser um!
(FERNANDO PESSOA)


Adendo.... Então, só para constar... o mp3 tinha mesmo o espólio de um "nós" que a tempos deixou de existir, era a compilação de algumas músicas que havíamos trocado... estranho mundo estranho. Profeticamente, entre as músicas estava um que gosto muito e que diz:
Eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
Pode ser cruel a eternidade
Eu ando em frente por sentir vontade
Eu quis te convencer, mas chega de insistir
Caberá ao nosso amor o que há de vir
Pode ser a eternidade má
Caminho em frente pra sentir saudade
(JANTA, Marcelo Camelo e Mallu Guimarães) CLIQUE AQUI PARA OUVIR.

É, realmente, que venha o novo!

Spollium

Dia desses, digamos que amanheci inspirado. E, assim, comecei a mexer em algumas coisas que há tempos vinham requerendo minha atenção, prontamente me sentei no chão e fui inspecionando caixas e envelopes. O barulho viroso do papel sendo rasgado, foi subitamente interrompido quando me deparei com um envelope, branco, cuidadosamente dobrado e aparentemente esquecido em um canto.

Em um primeiro toque, não reconheci o conteúdo de volume instável, o que seria aquilo?! Macumba? Haveria eu emprestado alguma coisa e esquecido de devolver!? Me sentei na cama e coloquei-me a investigar o misterioso pacote... E qual não foi minha surpresa, ao me deparar com alguns cabos, um carregador e um mp3! Poutz...

Só então me dei conta, de que aquele era o espólio do meu último pseudo-quase-relacionamento! [kkk] Tal qual uma chave, logo me lembrei de como aquele envelope chegara as minhas mãos novamente... como foi possível esquecer de tantos quilômetros e encontros aquele simples mp3 testemunhou. Ele foi a testemunha do nosso primeiro beijo e estaria presente também quando do nosso último beijo...  Ah! as lembranças...

Eu nunca fui um cara de músicas, sempre gostei dos livros e dos filmes! 
Seria com ele que eu iria aprender a gostar de músicas, durante anos eu ouvi as músicas sem saber quem as cantava ou o que queriam dizer. Naquela época, nem rádio eu tinha no meu carro... Com ele eu aprendi a ouvir e a entender, e a principalmente senti-las...

Esse mp3 é viajado, me lembro quando eu o entreguei para ele, em uma tarde de domingo, ele já esteve comigo outras vezes, vinha com as músicas que ele gravava para mim, e voltava com as que eu escolhi para ele... Recordei porque ele estava condenado ao canto daquela prateleira... não me recordo se em algum momento eu cheguei a verificar o que está gravado no mp3 nessa útima viagem dele, tal qual um cápsula do tempo... ele esteve congelado! Mas talvez seja tempo de aceitar os fatos.... 

Enquanto ele carrega estou aqui pensando... que mesmo que ele tivesse vazio, há tantas memórias gravadas nele... olhando as peças espalhadas sobre minha mesa, reconheci também aquele envelope, branco, simples, que fora pego apresentadamente entre minhas coisas, na correria de sair para encontrá-lo e que eu mal sabia se tornaria meu bilhete para um novo dia...


Fiquei pensando no que fazer com o mp3, pensei em guardá-lo para "devolvê-lo" novamente na próxima vez que eu o encontre, se eu o encontrar... (será?!) Pensei em dá-lo para alguém, quem sabe ele ainda possa ser testemunhas de estórias com melhor sorte, ou tão belas quanto a minha... 





Quero ser o teu amigo.
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...
(FERNANDO PESSOA)

Em primeira pessoa...

A verdade é que por alguma razão, em algum momento, eu fiz a escolha de não amar ninguém, e então tomei todas as precauções para que isso nunca acontecesse comigo. Hoje me pergunto se é possível não amar "ninguém", porque mesmo aqueles que se auto proclamam suficientes, na verdade amam a sí próprios - talvez mais que os outros.

Jamais poderia imaginar, mas naquele momento, eu determina o nascimento do Latinha... por uma dessas irônias da vida, eu só começaria a ter consciência disso anos mais tarde, justo porque alguém tinha vencido minhas defesas e, pela primeira vez, descoberto um caminho para um local onde eu havia trancafiado o coração que até então eu julgava estar adormecido.

De fato, aquilo não era amor, mas serviu como ensaio... é muito estranho desejar alguém, querer estar com alguém, gostar tanto de alguém que chega a doer. Nunca poderei me esquecer do ensolarado dia de sol em que o deixei, aliás... sejamos honestos, em que fui deixado... pois aquela seria a última vez que o veria pessoalmente. Ainda falo com ele até hoje, ainda me encanta ouvir aquele sotaque ao telefone, mas ele a tempos deixou de ser Ele.

O "quase" verdadeiro amor, eu só conheceria anos depois... me encataria com aquele sotaque, me encantaria com as palavras que ele sabe combinar tão também.... à ele foi dada a chave da minha caixa de pandora, e em algum lugar estava escrito que a ele caberia me mostrar do que um amor pode ser capaz... 

Mas, também estava escrito que ele não ficaria comigo... tal como um feitiço, seria eu deixado novamente, coincidência ou não... hoje, olhando para trás, os mesmos elementos lá estavam... o sol a banhar-me a face... o vento a brincar com meus cabelos... só que dessa vez, não era eu que embarcava.... era eu que me despedia, para sempre [ou não?!]

E foi assim, que o menino que um dia escolheu não amar, de certa forma, acabou não sendo o escolhido, e por conta disso, sofreria justamente por aquilo que um dia renegara. Não pode dizer que se arrependera das escolhas que fez, apenas não contara com os "efeitos colaterais", mas, ao mesmo tempo, sabe que foram essas escolhas que fizeram com que cada pessoa que tenha entrado em sua vida, mereça ser lembrada até hoje...


"O homem que hoje me amar
Encontrará outro lá dentro
Pois que o mate"
(ELISA LUCINDA)


E quanto a mim... viajando, trabalhando, indo e voltando! ;-)
Inté!!!

Fundo falso...

"Mesmo a caixa de pandora tem seu fundo falso, e assim, somos capazes de esconder algumas coisas que apesar de "aceitarmos", não conseguimos lidar com... porém, assim, como tantas outras metáforas, há um dia em que não é mais possível esconder e somos obrigados a enfrentar nossos medos, nossos inimigos e quem sabe a nós mesmos.

Eu aprendi que deveríamos ser fortes ou "superiores" as coisas... que deveríamos aceitar, mesmo que muitas vezes sem entender, e seguir em frente... afinal, tudo sempre acontece para o nosso melhor.

Mas acontece que há coisas que fogem a esse padrão, que doem, que machucam, que não se calam porque a lógica mostra essa como a decisão mais acertada. E talvez seja por isso, ainda hoje, na hora de dormir, no instante em que o subconsciente rende o consciente para nos levar aos nossos sonhos mais profundos, eu ainda role na cama procurando teu corpo....

Pode ser isso que me leve a sentir sua boca junto a minha, mesmo tanto tempo depois... pode ser por isso que mesmo após tanto tempo, eu ainda esteja preso a você.... Pode ser por isso, que sempre há algo que me leva a você.

Quem sabe um dia, para além dos dias, eu possa me libertar... quem sabe nesse dia, eu descubra novas cores, ainda que carregue a certeza de que você sempre estará comigo  , até mesmo porque, de algum modo, afinal, um dia fomos um... "

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Semana meio burocrática e desgastante com a quitanda a pleno vapor, abacaxís e pepinos voando para todos os lados... tanto que o final de semana será no escritório, assim, vou requentar um texto que estava condenado ao limbo...

No mais, uma certa excitação por uma viagem que está se delineando no horizonte, para ser sincero, tenho mais viagens do que dias para esses meses finais do ano... adoro! Mas nem todas serão possíveis... 8-(

No mais, tempo de semear... com sorte, em breve terei alguns frutos...



"Something always brings me back to you. It never takes too long.
No matter what I say or do I'll still feel you here 'til the moment I'm gone.
You hold me without touch. You keep me without chains.
I never wanted anything so much than to drown in your love and not feel your rain."
(Gravity, Sara Bareilles)