Turbulências

"Ainda que Ele até hoje relute um pouco a aceitar os fatos, a verdade é que eles nunca foram, de fato, amigos. Nos momentos em que é tomado pela lucidez, sem qualquer chance de perdão, se vê forçado a admitir que são grandes as chances de que nunca tenham sido nada mais do que dois estranhos que se esbarram em uma noite inspirada.Uma bela noite com certeza...

Daquelas em que tudo parece ter sido pensado para encantá-lo, daquelas que acreditamos existir somente em sonhos, e no caso dele, aquele era um sonho que Ele ainda não havia tido a chance de sonhar... A suposta amizade entre os dois, nascera do cuidado e da insistência que Ele, devotadamente despendeu com aquela sementinha. Mas de fato, nunca foram amigos...

E foi assim, no seu tempo, que ele se afastou... primeiro, tentando disfarçar., como se andasse de costas, na tentativa de ainda se manter no campo de visão do Outro, depois, aceitando a derrota, rodopiou sobre seus calcanhares e decidiu seguir... Em frente?! Ele não sabe... em si, só sabia que precisava caminhar, e assim o fez.

Mas, ainda em seus bolsos, leva algumas sementes daquela amizade, que de um jeito só seu, Ele aprendera a cultivar. Talvez por isso, ainda se lembre - mesmo que não nada seja dito, que os próximos dias marcam um período difícil para o Outro... queria Ele poder estender-lhe a mão e dar um abraço "de força"...  mas Ele também sabe, que a armadura usada pelo Outro, poderia ainda ferí-lo.  
 
Assim, restou a Ele fazer a única coisa possível, e de olhos fechados, sentindo a brisa em seu rosto, pediu em seus pensamentos que, do jeito que o Outro escolheu, alguém lhe possa oferecer o abraço que Ele próprio não poderá dar.  
 
Ao mesmo tempo, sentia a mesma brisa, levar de seus bolsos, mais um pouco daquelas sementinhas que ainda restam por lá.

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Então, depois de um longo e tenebroso inverno, eu tenho andado em um tempo meio "esquizofrênico"... ao mesmo tempo que coisas bacanas acontecem, algumas coisas chatas também estão rolando... e eu me sinto meio que como um equilibrista. Se por um lado, o clima com alguns colegas de trabalho tem se deteriorado, por outro, tenho encontrados bons parceiros para desenvolver alguns projetos, o que me abre alguns horizontes interessantes.

O fator complicador é que eu tinha que arrumar enguiço justo com os coleguinhas que são os chefes, né?! Nada pode ser fácil... Mas o pior é que eu nem fiz nada, se eu tivesse feito, eu até fazia um mea culpa, mas dessa vez eu estou brigando com o que eles acham que eu fiz, ou pior, com o que eles pensam que eu posso fazer.

No baixo clero, damos risada dizendo que agora eu vou ser eleito o "Dalit do Ano"! Os Dalits são considerados os impuros no sistema de castas indiano, os intocáveis! [kkk] Pois é, esse cara sou eu! Acho que o que deixa eles com mais raiva é que eu continuo no meu MDU (Movimento Defecatório Continuo) em relação à eles... mas confesso que isso é chato! Enfim, mas não quero perder tempo falando desses pentelhos... Vamos falar de coisa boa... hauhauha

No mais... ando meio "desinspirado" para escrever...  mas estou na área! Os próximos dias preciso tirar um plano de dominação mundial da manga, contudo, passo para por as visitas em dia...

Saudosos Abraços,  ;-)

«Quando amamos alguém, não perdemos só a cabeça, perdemos também o nosso coração. Ele salta para fora do peito e depois, quando volta, já não é o mesmo, é outro, com cicatrizes novas. Às vezes volta maior, se o amor foi feliz, outras, regressa feito numa bola da de trapos, é preciso reconstruí-lo com paciência, dedicação e muito amor-próprio. E outras vezes não volta. Fica do outro lado da vida, na vida de quem não quis ficar do nosso lado.»

Je t´embrasse

Ontem, aproveitando o feriado e a dica de um amigo, estava assistindo a um filme, quando a protagonista, em uma conversa com o mocinho do filme, vira e diz: "Eu acho que nós devíamos nos abraçar". E meio que sem jeito, meio que sem querer demonstrar o interesse que mutuamente vinham nutrindo um pelo outro, eles se abraçam... e foi um daqueles abraços em que a gente fica com inveja, porque parece que foi tão bom!

Aquilo foi como que disparasse um processo em minha mente e, rapidamente, tentei me lembrar de um abraço como aquele, apesar do sorriso de canto de boca ao me lembrar, não pude deixar de pensar que um bom tempo se passou desde "aquele abraço". Observei também que não sou lá o maior abraçador da galera... God save the hand shake! Não que eu tenha nada contra em abraçar o povo, longe disso, mas acolher alguém em seu peito é algo "sério" para mim.

Mas confesso que senti saudades daquele abraço, cheio de intenções não reveladas mas que por alguns segundos nos permitem sonhar com um futuro ainda incerto, que nos dão "um colo" e onde nos sentimos seguros.

A quem interessar o filme é Liberal Arts (2012) e eu achei bem bacaninha... [trailer]

No mais, "Estranho Mundo Estranho" but who cares?! Eu provavelmente tenho motivos para estar muito puto ou chateado, mas não estou... confesso que estou ansioso e empolgado com algumas perspectivas que tem se delineado no horizonte, talvez eu tenha achado um "norte" que a tempos vinha procurando... então, hora de arregaçar as mangas e "se jogar".

E como eu estou facinho hoje, um abraço bem apertado à todos! ;-)


Até abraçar desaprendemos.
Ninguém mais abraça com vontade. Com sinceridade de velório. Odeio abraço falso, como aquele beijo de frígida, no qual a face bate na face e os lábios se transformam em beiço. Abraço tem que ter pegada, jeito, curva. Aperto suave, que pode virar colo. Alento tenso, que pode virar despedida. É pelo abraço que testo o caráter do outro. Não confio em quem logo dá tapinhas nas costas. A rapidez dos toques indica a maldade da criatura. Não sou porta para bater. Nem madeira para espantar azar. Abraço com toquinho é hipócrita. É abraço de Judas. De traidor. O sujeito mal encosta a pele e quer se afastar. Pede espaço porque não suporta os pecados dos pensamentos.Devemos fechar os olhos no abraço, respirar a roupa do abraçado, descobrir o perfume e a demora no banho. Abraço não pode ser rápido senão é empurrão. Requer cruzamento dos braços e uma demora do rosto no linho. Abraço é para atravessar o nosso corpo. Ir para a margem oposta. Nadar para ilha e subir ao topo da pedra pela gratidão de sopro. Sou adepto a inventar abraços. Criar abraços. Inaugurar abraços. Realizar um dicionário de abraços. Um idioma de abraços. O meu é o de cadeira de balanço. Giro nas pontas dos pés. Não largo, os primeiros minutos são para sufocar, os demais servem para o enlaçado se recuperar do susto. Não entendo onde terminará o abraço. Se a pessoa vai chorar ou vai rir. Abraço é confissão. Dez minutinhos de sol e de liberdade.
(FABRICIO CARPINEJAR)