Da série: Devia ter recusado aquela dose :P

"Para ele, aqueles não eram tempos fáceis, a cada dia uma batalha era vencida e foi assim desistira de tentar se preparar para o novo dia, atualmente, preferia apenas enfrentá-lo... de peito aberto, desafiando a tudo e a todos que de alguma coisa forma surgiam em seu caminho. 

Mas ele não era um simples kamikaze, ainda que não parecesse aos olhos mais desatentos, no fundo escolhia as batalhas que lutar e quais deixaria “para depois”. Mas a verdade é que bem lá no fundo, fazia algum tempo que sentia trazer consigo mais que o peso de sua amassada armadura...

Há tempos um certo gosto amargo lhe marcava a boca, sombra de algumas batalhas “vencidas”, mas que lhe assombravam vez por outra, em seu íntimo não entendia a razão de tal fato, nem conseguia se livrar de tamanha inquietação, não entendo a razão que o levava a não se sentir “super”, já que tudo correra “bem”, perdia-se assim em longos pensamentos, teorias e mais perguntas...

Tentava se agarrar ao que conhecia, mas tal estratégia se mostrava ineficaz visto que percebia que algo definitivamente estava diferente, não sabia dizer se era ele ou seu mundo, mas era como se sua própria armadura não mais lhe servisse... E assim, sentia escapar por entre os dedos alguns pensamentos que lhe teimavam empurrar em direção ao novo...

E entre as paisagens que constantemente visitava, insistia em procurar um rosto conhecido, mas que de fato nunca conheceu... No meio tempo, começava a perceber as marcas do Sol em seu corpo, também sentia o peso do tempo e da mesma forma que percebia haver muito por fazer em sua eterna busca...

A busca que talvez nem ele sabia porque estava fazendo...


Mas que sentia que devia fazer...."

-- x --

Eu estou "levemente" enrolado com o trabalho, viagens, projetos, aulas e mais aulas, fórmulas e mais fórmulas, enfim... to lascado!

No meio disso tudo não tem muita vida nem novidades, mas vamos que vamos... aos poucos acho que tenho desatado alguns nós e creio que já dá para começar a ver a linha de chegada, preciso só garantir que eu chegue até ela... :P

E vamos que vamos, "post" só para não deixar o bloguinho [muito] abandonado...

Espero que todos estejam bem! :)

Hasta breve!


O Tempo e as Perdas


Eu podia estar pela cidade, talvez devesse estar, certamente devia estar fazendo um projeto que preciso entregar, mas estou aqui... já tem um tempo que olho para essa "folha em branco" tentando decifrar o que poderia fazer dela, sem saber ao certo o que escrever ou dizer... 

E por falar no tempo, que por sinal tem me atropelado nestes últimos tempos, encontrei essa música enquanto estava perdido nos pensamentos...



Eu sei, que a vida tem pressa 
que tudo aconteça, 
sem que a gente peça,
Eu sei,
Eu sei, que o tempo não pára, 
tempo é coisa rara 
e a gente só repara, 
quando ele já passou

Não sei, se andei depressa demais
Mas sei que algum sorriso eu perdi
Vou pedir ao tempo, 
que me dê mais tempo 
para olhar para ti
De agora em diante, 
não serei distante
Eu vou estar aqui

Cantei, 
cantei a Saudade da minha cidade 
e até com vaidade, cantei
Andei, pelo Mundo fora 
e não via a hora 
de voltar para ti

Não sei, se andei depressa demais
Mas sei que algum sorriso eu perdi
Vou pedir ao tempo, 
que me dê mais tempo 
para olhar para ti
De agora em diante, 
não serei distante
Eu vou estar aqui

(O TEMPO NÃO PARA, Mariza)

Augie Doggie & Doggie Daddy [2]


Já que ontem foi Dia dos Pais, quero partilhar com vocês um dos meus "pequenos tesouros"... 

Meu Pai é daquela geração que não era para criada para ser pai, era para ser o provedor, o grande mentor, ter carreira, casar e aposentar, por isso que não temos o tipo de relacionamento que eu teria com os meus filhos, se por ventura viesse a ter algum. Se entre eu e minha mãe, sempre prevaleceu a amizade antes dos laços de sangue que nos unem, com meu pai sempre fomos "pai e filho"... nosso relacionamento sempre foi "burocrático", as coisas sempre são cheias de "protocolos" e há toda uma dancinha [ehehe]. O que não significa que o amor seja menor...

Também tenho que levar em consideração que meu pai perdeu a mãe dele muito cedo, por volta dos 9 anos, imagino o quão duro deva ter sido para ele... Obviamente isso deixou marcas nele, marcas que por vezes são complicadas para nós, mas que não o impediu de tentar ser um pai amoroso (ainda que tenha imensa dificuldade em dizer ou se expressar), preocupado (muito) e "torcedor" (dos grandes) de nossas conquistas e vitórias. Tenho a certeza para ele que todos nós aqui em casa estamos congelados nos 14 anos e até hoje, seja na hora de trocar um pneu ou fazer alguma coisa "mais séria", ainda ouço: "Me dá isso aqui que você é muito atrapalhado!"

Me lembro do dia que me mudei para minha casa, minha irmã me contou depois o quão arrasado ele ficou, chorando, se culpava pela minha "mudança" - afinal, segundo ele, eu havia tomado a decisão de aceitar aquele trabalho por insistência dele e agora ficaria longe de casa. Hoje em dia já não somos mais pequeninos e vez por outra algumas palavras mais fortes são trocadas também, creio que ele se esquece que foi ele mesmo que nos aguçou o senso crítico e que nos deu os genes "cabeçudos"... mas tudo sempre com respeito e carinho. Minha irmã tem mais acesso à ele e não raro, fico a observá-los conversando, ela puxando-lhe as orelhas...  ehehe

Tudo bem que ela sempre foi o xodó dele... lembro de uma vez, em uma confraternização do trabalho dele, houve um jogo de futebol! Lá pelas tantas, alguém fez uma falta forte em meu pai e ele caiu ao chão... Minha irmã, do alto dos seus 6 anos mais ou menos, mais que depressa catou um pedaço de madeira que por lá estava jogado e invadiu o campo gritando: "Seu f* da p* quer matar meu pai!!!"  (Uma mocinha de bons modos como bem se vê pelo linguajar)  Isso virou lenda naquele ano, motivo de risadas por muitas festas!

Entre nós já tivemos nossos altos e baixos, pensamos diferente em muitas coisas (ou não!), mas sempre estamos lá! E o que quero compartilhar um é "dos nossos momentos"... Antes mesmo de nascer e ainda quando eu era um bebê, ele tinha por hábito "me escrever", e é uma dessas cartinhas que partilho com vocês hoje... 




Nessa época eu era um simpático garotinho de cabelos fartos (um capacetinho mesmo hehehe), que ensaiava os primeiros passos e estava passeando pela casa dos meu avô (pai dele)... Em casa, temos aquela famosa "pasta com documentos" e nela estão guardadas algumas dessas cartinhas, não são muitas e o envelope e o próprio papel denunciam que o tempo passou... 

Mas esse ano me deu vontade de visitá-las...

Gracias Papito! 

Espero que todos tenham tido um bom dia ontem... seja abraçando seu pai, seja se lembrando de bons momentos que puderam compartilhar ao lado dele!

E para quem ainda não sabia (será que tinha gente que não sabia!?) nas horas vagas eu atendo pelo nome de Leonardo! (Léo) ehehehe


(Cena extraída do filme, One Day)

Diário de Bordo...




Lembro de uma vez ter assistido um filme que o personagem ficava "preso" em um certo dia da vida dele e aquele dia ia se repetindo, repetindo... Às vezes tenho a sensação de que estou igual aquele filme, estou sempre indo ou voltando (já não sei mais), em um rotina meio maluca. Nessa brincadeira, apesar da imensidão da "Selva de Pedra", já começo a reconhecer "as pessoas de sempre" no metrô, aprendi o bailado das calçadas e por ai vai...

Mas eventualmente a gente quebra a rotina com algum fato novo ou alguma história nova... o fato dessa vez fica por conta de um almoço com uma grande amiga! Foi uma delícia, contei coisas minhas, ouvi coisas dela, é aquele tipo de (re)encontro que não importa o tempo que tenha passado desde a última vez, sempre vai parecer que foi "ontem". Por fim, enquanto vencíamos o trânsito nos arredores do Parque Villa-Lobos, fomos relembrando alguns causos da época em que dividíamos um apartamento naquela região... bons tempos!

O causo da semana fica por conta do mocinho que se sentou ao meu lado na viagem de volta, após tantas ida e vindas, eu meio que desenvolvi táticas para marcar meu assento, sempre procurando privilegiar uma situação em que eu viaje sozinho - sem ninguém ao lado (sou desses!). 

Desta vez, tudo caminhava bem com meu super plano até que no último minuto apareceu um "cidadão" para sentar ao meu lado... Era um molecote, magrelo, skatista, com direito a mochila, boné e o skate embaixo do braço... Tá, pelo menos não era um daqueles velhinhos que no meio da viagem em nunca sei se ainda está vivo ou não! E pelo menos era magrelo e eu não teria problemas de espaço! 

Mais eis que algum tempo depois acordo com um "peso" no meu ombro... Ainda meio sem entender muito bem o que acontecia, olho e vejo "o referido garoto" aninhado no meu ombro, no melhor estilo "encosta sua cabecinha no meu ombro e chora". Oi?! Confere produção?! Meio incrédulo pelo inusitado da situação, ainda tentei dar aquele "toque" básico, mas devo ser bem confortável, porque o mocinho parecia dormir o sono dos justos. Enfim, aproveitando um solavanco, resolvi por ordem a casa... 

De qualquer forma cheguei com o pescoço todo torto, dor nas costas e pensando que já que ia me colocar nessa cilada, Deus podia ter mandado, pelo menos, um gajo um pouco mais velho e bem apessoado!!! [ehehe] :P

Momento fofo da viagem ficou por conta da mocinha da cafeteria onde sempre tomo café quando chego na Firma, havia alguns dias que eu não passava por lá e quando cheguei "no meio da multidão", ela virou e disse: "Oi Moço! Tá sumido hein...", foi mais ou menos como aquela piadinha: "Ando tão carente que se eu estiver jogando futebol e o juiz falar: Você fez falta! Eu vou lá e abraço ele!!!" [ehehehe]

No meio tempo...

Alguns projetos do "juízo final" para entregar, um mês para salvar o mundo "das cáries", um caminhão de incertezas, mas no coração a certeza de que algum dia ainda encontro um motivo para ficar em algum lugar...  ;-)



"Para atravessar Agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé.

Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; Fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará Setembro..."

(CAIO FERNANDO ABREU)