Entre linhas...

"Segunda-feira é mais difícil porque é sempre a tentativa do começo de vida nova.
Façamos cada domingo de noite um reveillon modesto,
pois se meia noite de domingo não é começo de Ano Novo é começo de semana nova,
o que significa fazer planos e fabricar sonhos.
Meus planos se resumem, para esta semana nova, 
em arrumar finalmente meus papéis,
já que a governanta eu não vou ter mesmo. 
Quanto aos sonhos, desculpem, guardo-os para mim, 
como vocês guardam, o olhar pensativo,
de quem tem direito, os próprios".
(CLARICE LISPECTOR, in A Descoberta do Mundo)


Então, trabalho, novos projetos e, uns sonhos, vão exigir um pouco de dedicação nos próximos dias... Assim, é bem provável que durante Fevereiro eu mais comente do que escreva.

Volto logo! ;-)






Paciência...



Esse post não é novo, estava condenado "ao limbo" - que é onde ficam alguns textos perdidos que eu já escrevi, mas não sei por que me lembrei dele hoje, então, na falta de algo mais excitante... vamos libertá-lo...


Abração! 


-- x--


Na ânsia de encontrar um coração, eu pulei o capítulo que dizia o que fazer quando o amor acaba, de como seguir em frente...

Apagar contatos, bloquear, maldizer, rasgar fotos e cartas, sumir com qualquer vestígio da existência de tal pessoal sobre a terra, tudo isso passou pela minha mente... Mas, como?! Por quê?! Para que?! Justiça seja feita, além de qualquer uma dessas opções também implicaria em me machucar [mais um pouco], pois também significaria renegar algumas páginas, muitos importantes por sinal, do livro da minha própria vida. 


Isso sem é claro mencionar, que também devo fazer um mea culpa e assumir minha responsabilidade... What a mess!

Pensei então em simplesmente renegá-lo e, quem sabe, deixá-lo à sorte... [como diz o verso que ouvi outro dia na televisão]:

O amor que não é cuidado
O amor que não é tratado
Com o tempo
Vai dando flores cada vez mais fracas a cada verão
Até que um dia a gente olha para a roseira
e não vê rosa nenhuma
só uma planta com espinhos...

Mas minha roseira fora bem cuidada e, cuidadosamente, plantada em solo fértil, e assim, contra tudo e todos, depois de um tempo ela ainda florescia... Que sorte a minha...

Mas, enfim, a vida segue seu rumo... e, ainda que eu não saiba ao certo como, o tempo de seguir em frente chegou. Assim, me resta agradecer por tudo e, ainda que em um gesto simbólico, abrir as mãos e deixar o ventos passar por entre meus dedos... levando embora os poucos grãos de areia que eu ainda tentava segurar...


Afinal, eles nunca foram realmente meus mesmo...

Quero ser teu amigo
Nem demais e nem de menos
Nem tão longe e nem tão perto
Na medida mais precisa que eu puder


Mas amar-te como próximo, sem medida,

E ficar sempre em tua vida
Da maneira mais discreta que eu souber



Sem tirar-te a liberdade

Sem jamais te sufocar
Sem forçar a tua vontade



Sem falar quando for a hora de calar

E sem calar quando for a hora de falar
Nem ausente nem presente por demais,
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.



É bonito ser amigo,

Mas confesso,
É tão difícil aprender,
Por isso, eu te peço paciência
Vou encher este teu rosto
De alegrias, lembranças!



Dá-me tempo

De acertar nossas distâncias !!!
(FERNANDO PESSOA)


Inté...

One Day


Férias é época de colocar a leitura em dia e, dentre os livros selecionados para este ano, teve um que foi uma espécie de blind date. Eu estava em um aeroporto, prestes a embarcar e lá estava ele, flertando comigo a partir de uma prateleira, One Day de David Nicholls – clichê, eu sei, mas fazer o que... eu havia lido algumas criticas e confesso que  estava intrigado pelo “tema”.

E, assim, fui lendo o livro que está longe de ser meu livro favorito, mas confesso que ao final estava mexido. Há sempre aquele tipo de filme ou livro, que me faz remexer na cadeira quando termina e, foi assim que me vi encurralado por ele.

Um dia...

Tive medo de ser aquela pessoa que durante toda a sua existência está fadado a ter apenas “um dia” para se aquecer nos dias frios... É complicado quando a gente tenta achar diferenças entre a sua história e a que está lendo – afinal, é ficção, mas no final, você percebe que o caminho percorrido não é importante e sim o ponto de chegada, e neste caso o seu e o do personagem do livro poderia ser exatamente o mesmo.

Na volta para casa, me apressei em ver o filme, quem sabe, com um pouco de sorte eu havia entendido errado alguma passagem e, por mais eu critique o filme por não faz justiça à riqueza do livro, para minha angústia a constatação foi a mesma. Um dia!

Não sei se o que me assusta é ser confrontado por uma situação, que uma vez exposta parece tomar forma e tornar-se real, um sonho premonitório?! Rota de colisão com o futuro? Ah, a vida e seus mistérios...  

Não sei, foi impossível não me lembrar das brincadeiras dos meus amigos, dizendo que eu, e a minha Emma, seriamos como aqueles casais de idosos, que se conhecem na adolescência, passam a vida inteira separados e apenas na terceira idade é que vão viver aquele amor... A verdade é que eu tenho minha Emma, nos conhecemos ainda na escola e desde então "estamos juntos"... Mesmo que cada um tenha seguido seu caminho, superamos os desencontros da vida e nos encarregamos de fazer com que nossos caminhos se cruzassem ao longo desses anos... 

Minha família a adora, as sobrinhas dela me chama de tio e não tenho dúvidas que ela poderia ter sido a mãe dos filhos que eu pensei um dia ter... Mas ainda hoje, no final das festas, em que sempre vamos juntos, somos Eu e Ela... e tudo ainda se parece como era nos tempos de escola...


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Eu tinha ensaiado fazer a estreia de 2012 com algum post legal, animado, cheio de novidades, mas sabe como é... No final, entre uma ideia e outra quem ganhou foi um pensamento solto de uma quarta-feira chuvosa.


E 2012 chegou bem, estou feliz... estou aprendendo algumas coisas e tenho umas perspectivas interessantes para esses meses iniciais, dentre elas, uma viagem nos próximos dias para não perder o costume...


No mais... que venha o Ano Novo, com vida nova...  ;-)



"Há um véu de silêncio entre nós. 
Coisas não ditas que se pressentem. 
Não é um silêncio magoado ou ferido. 
Apenas um receio de cruzar linhas por onde já fizemos equilibrismo. 
Ambos sabemos que não vamos atravessá-las. 
Mas os dois acarinhamos esse futuro que não tivemos, 
como memória intocável e pura".