Essa semana eu saio de casa... a bem da verdade, para ser sincero, devo dizer que já sai, semana passada deixei uma "humilde residência" a minha espera, com alguns poucos móveis e cheia de incertezas ainda... De volta a casa que me abrigou nos últimos anos, me assustei com a constatação de que, de súbito, meu quarto parece não ser mais meu quarto e, que assim como tantas coisas em nossa vida, sem o menor aviso, eu havia mudado!
Achei que seria mais fácil... essa não é a primeira vez que saio de casa, para ser sincero, morei algum tempo em São Paulo por conta do doutorado, além disso, seja por conta do trabalho ou das viagens, uma piada comum entre meus amigos "locais" era a de que: se alguém não quisesse me encontrar, bastaria vir até minha casa.
Mas não sei, dessa vez tudo parece tão definitivo... meus cachorros parecem sentir o que virá e, desde o dia em que cheguei, vivem ao meu redor, pedindo um carinho, querendo brincar...
Uma daquelas histórias de família, que são compartilhadas naqueles momentos de reunião ao redor da mesa, é sobre meu primeiro dia na escola... São Paulo, Vila Madalena, anos 80, EEPG Brasílio Machado... eu era um garoto, de cabelos lisos negros e fartos, usando aquele famoso agasalho azul-marinho com as listras na lateral da calça, ao longo da perna.
D. Mercedes era a "tia" que me guiaria no início daquela jornada... minha mãe receosa pela separação, acompanhou-me até o encontro da professora, no início da aula, nos despedimos e ela disse que eu deveria acompanhar e, obedecer, a "tia".
Diz ela, que no derradeiro momento, eu simplesmente dei a mão para a professora e depois de um "Tchau Mummy", fui embora... Essa independência renderia algumas lágrimas até o momento em que nos reencontraríamos.
Alguns bons anos depois, cá estou eu novamente! Sinto falta da coragem daquele garotinho de cabelos lisos negros e fartos, tudo parecia bem mais simples naquela época...