(Des)Encontros

É estranho como algumas vezes podemos nos encontrar ao mesmo tempo em que nos  desencontrarmos de alguém... meio confuso?! Pois é, também acho, mas vamos lá... não raro estamos em busca de alguém, ou de algo, e, naquele momento em que sentimos ter encontrado algo importante, acabamos descobrindo que por alguma razão, aquele objeto do desejo não pode ser nosso.

E um conflito se instala, a tentação de permanecer orbitando ao redor daquele situação é grande, muitas vezes maior do que você mesmo, contudo, aquela sua porção racional, que ainda resiste bravamente em algum canto em sua mente, não se furta a listar as inúmeras razões que sustentam o argumento de que aquela é uma viagem para lugar nenhum, ou para um destino já conhecido, e sabidamente não muito agradável.

Uma dúvida que eu sempre tive, em que momento deixamos de ser "perseverantes" para nos tornarmos "teimosos"? Nunca consigo chegar a uma resposta, talvez nem precise, de fato, sei que em um determinado momento, querendo ou não, nossos dedos se abrem e  ai, é o momento da verdade... ás vezes fica, outras, vai embora... flutuando ao vento, como aqueles balões coloridos, onde há sempre alguém de olhos compridos acompanhando-o até sumir na imensidão do céu.

Quem sabe, depois disso, ao voltar olhar para a terra nossos olhos possam encontrar algum outro olhar perdido aqui na terra mesmo...

Grande semana! ;-)

Até...

É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas. É tão silencioso. Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois? Dificílimo contar. Olhei pra você fixamente por instantes. Tais momentos são meu segredo. Houve o que se chama de comunhão perfeita.
Eu chamo isto de estado agudo de felicidade.
(CLARICE LISPECTOR)

Palavras

"Houve um tempo em que eu nada queria, não queria paixões, não queria amores, não queria me aventurar por esse estranho mundo. Esse foi um tempo em que eu acreditava que tudo podia, esse tempo durou bastante tempo...


Um dia, alguém me mostrou que mesmo não querendo nada, nós estamos querendo alguma coisa e um novo tempo chegou, mas não foi o tempo que eu imaginava, esse era cheio de incertezas e inseguranças, como eu costumo dizer. Um tempo em que meu querer não é mais tão poderoso como antes, nesse novo tempo, eu descobri também como é não ser querido.

E assim, me sobrou o tempo... que nunca mais foi o mesmo tempo de antes, um que eu tento preencher com lembranças, com memórias, com outros rostos, mas que sempre acabam se perdendo na imensidão... do tempo. 

Agora, é o tempo da espera, pelo tempo das respostas, aquele onde o meu querer é igual ao seu querer... e assim, talvez eu queria deixar o tempo ser apenas o tempo..."



E depois de uns dias de folga, ando enrolado com umas mudanças no trabalho, mas logo voltamos com a nossa programação normal... ;-)

Inté!

Eu ando pelo mundo...

E confesso que gosto!!!

Ando sentindo falta de viajar, depois da minha mudança as coisas ficaram mais tumultuadas, e fiquei de "castigo" por alguns meses. Só para registro, ir para a casa dos meus pais não conta como viagem, tá?! [kkk]


Ainda que nem tudo tenha saído como planejado, esta tem sido muito boa, já perdi a conta das risadas e dos causos que eu ouvi, o bom de estar entre amigos é que todo momento é uma chance de celebrar a alegria. Tudo bem que falta uma peça do quebra-cabeça, mas ele não foi esquecido por nenhum momento.

Engraçado como nos deixamos envolver pela rotina e acabamos abrindo mão de aproveitar os bons momentos. A verdade é que amanhã, ao embarcar de volta, levo vários roteiros e ideias para novas viagens e a certeza que é tempo de conhecer novos cenários e personagens.

E, por falar em esquecer... 

Coisas boas acontecem quando menos esperamos, e foi assim, que naquele dia, como tantos outros dias, eu estava passeando por aí e ao caminhar por uma grande loja, entre uma e outra seção eu reconheço um rosto, daqueles que fazem nosso estômago gelar por um instante, após um instante de indecisão, rodei nos calcanhares e voltei, sendo que a cada passo, uma pergunta ecoava em minha mente, falar ou não?! Let it be or Let it go?!

A surpresa não fora apenas minha, não sei ao certo sobre o que falamos, mas aquele abraço durou aquele segundo a mais, que vai fazer com que ele seja diferente de todos os outros. Hoje, novamente lá estava eu, em uma situação similar, quando dessa vez, por um minuto, tive a sensação de ser observado... não sei porque me lembrei daquele momento, não sei porque senti aquela presença.

Eu não sei o por quê de muitas coisas... 

"O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não poe pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
de todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa"
(ALBERTO CAEIRO)

Partidas

As pessoas vão surgindo em nossas vidas por diferentes maneiras, algumas vão ficar, outras serão fatalmente esquecidas e terão aquelas que de alguma forma, ficando ou não, irão marcar nossas vidas de alguma forma. Além de ser uma escolha, sempre acreditei que a amizade é algo que demanda cuidados, investimento, carinho, deixando para trás aquela ideia de que é preciso estar fisicamente "ao lado", o mais importante é estar junto.

Tenho amigos que não vejo "todo dia", pelos mais variados motivos, mas cada reencontro é sempre uma celebração à continuidade das nossas histórias, e parece que nunca estivemos separados. Por outro lado, existem pessoas, que apesar de todo nosso esforço, simplesmente parecem ir pelos vãos de nossos dedos, talvez, para esses, o equivoco seja atribuir-lhes o título de "amigos"... Quem sabe, seja uma forma de teimosia que nos faz ceder a tentação de nos debatermos na tentativa desesperada de não cair no esquecimento de tais pessoas. 

O ano novo chegou e de certa forma um dilema se instalou para mim, um daqueles que a tempos eu vinha protelando enfrentar. Nunca é fácil aceitar que somos uma "segunda opção" da vida de alguém, que na verdade, estamos sempre oferecendo mais do que recebendo algo em troca. E assim, na mesa, sob todas as cartas lançadas até então, mais do que o esquecimento, fica o orgulho ferido... e a dura realidade das coisas. 

Provavelmente seja tempo de se afastar de vez, provavelmente em uma saída à francesa,  visto que, aparentemente, qualquer alarde de nada adiantaria também. É como cortar um galho de uma roseira, onde se observa diversos botões, apesar da perdas das possibilidades de cores que cada botão poderia oferecer, de nada adiantar tê-los se há ninguém para apreciá-los.

Ainda que a memória leve um tempo a se acostumar com a ausência, seguir a diante é a ordem do dia.

Depois de um final de semana "festeiro", agora é reunir forças, e $$$, para dar uma viajada nos próximos dias... na pauta do dia, velhos amigos, muitas risadas e bons momentos para aquecer o coração! ;-)


Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...
(FERNANDO PESSOA)