Liaisons


Quando eu comecei meu bloguinho, lá em 2006, eu não tinha grandes pretensões, para ser sincero, achava que não duraria um mês! Mas ele nasceu, meio a fórceps, mas nasceu! Primeiro porque eu precisava começar a falar, estava em um ponto em que explodiria se não começasse a falar. Depois, porque tinha encontrado um lugar no mundo onde eu parecia me encaixar, um blogue em especial, me inspirou a escrever, devo a ele a existência do Latinha [kkk], ainda que pouco tempo depois ele viesse a sair do ar. Engraçado é que em milhares de páginas eu encontrei a dele, e nós morávamos na mesma cidade, mas estávamos fadados a nunca nos conhecermos – as vezes fico olhando as pessoas passando na rua e penso se já não nos cruzamos por ai, vai saber.

Os motivos que me levaram ao blogue, aos poucos foram sumindo, tal qual o sol ao final do dia... e quando esses motivos tinham se ido por completo, eu me dei conta que naquele caminho, havia conquistado algumas outras coisas também, dentre elas... Amigos!

O Railer outro dia comentava que nunca tinha me visto, poucas pessoas me viram (eu acho!) - ou até me viram mas não sabem que eu sou [kkk], a verdade é que não era para ser visto mesmo, eu sempre detestei escrever sobre mim, então, precisava da ajuda de "alguém" para me ajudar a me aventurar nessa empreitada. Além disso, outras questões se faziam presentes naquela época, foram elas que me fizeram escolher um nome, que no inicio se chamava Homem de Lata – até ser rebatizado de Latinha pelo Edu, foram dúvidas “sinceras” que eu carregava,e talvez ainda carregue, desde aquela época.

Alguns desses amigos, se tornariam presenças constantes na minha vida, provando que mesmo com a distância física, a tecnologia pode permitir o estabelecimento de ligações e a construção de amizades e quem sabe, relacionamentos (cof, cof, cof). De qualquer forma, sempre aprendi muito com esses amigos... Dos “primeiros amigos”, boa parte deles, apesar de já não escrever mais em blogues ainda estão presentes na minha vida,  e outros, cresceram, mudaram, mais ainda estão ai até hoje. 

E assim, deixo registrado os meus votos de Parabéns ao TPM de Macho e, em especial, ao Fred... uma dessas pessoas “das antigas” e a quem eu tenho a honra de poder chamar de amigo. Na pessoa dele, também vou aproveitar para "abraçar" a todos os amigos que por meio deste blogue eu conquistei... cada um, ao seu modo, me apresentou um pedaço do mundo e com certeza foram um presente para mim.

Infelizmente, cachorro velho não aprende novos truques e vocês vão ficar sem ver minha foto “oficial” [kkk], não porque exista nenhuma razão extraordinária para isso, ainda que eu precise e goste de um pouco de privacidade, com sorte qualquer hora dessas rola um “semi-outing” público... mas até lá, como diria Vanessa Redgrave: Anonymity is like a warm blanket. ;-)


"Amizade só faz sentido se traz o céu mais perto da gente
e se inaugura, 

aqui mesmo, o seu começo.

Mas... se eu morrer antes de você...acho que não vou estranhar o céu...
Ser seu amigo... já é um pedaço dele..."
(CHICO XAVIER)

Os Anos...

Já que a inspiração não anda das melhores, eu resgatar uma postagem que estava condenada ao limbo e que hoje eu encontrei novamente no meus arquivos... apesar da condenação, ela é recente... eu escrevi alguns meses atrás... mas precisamente na véspera do meu aniversário. Lá vai... senta que lá vem história...

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Amanhã, é meu aniversário...


Lembro do primeiro aniversário que passei longe de casa, por ironia do destino foi em uma viagem para São Paulo, acordei de manhãzinha, “anônimo” em um ônibus, quase chegando na capital paulista. Mal humorado, provei do gosto da invisibilidade naquele dia... afinal, ninguém conhecia ou se importava, mais que isso, pela primeira vez em longos anos uma tradição de família se quebrava.

Na minha casa, no dia dos aniversários, todos acordamos cedinho, supostamente mais cedo que o aniversariante e, ainda com os olhos meio fechados, corremos para pegar os presentes para então acordar o “dono do dia”... Minha mãe geralmente lidera “o grupo”,  cantando baixando o Parabéns para você, e assim, o felizardo ainda na cama ganha abraços, beijos e presentes!!!. Obviamente o aniversariante, que já estava acordado, sempre acorda surpreso com tal “surpresa”, mas foi assim que vi passar meus aniversários. 

Mas um dia a gente cresce, né?!

Amanhã não vou acordar em casa, pela primeira vez, acordarei na minha casa! 
Que não é bem minha ainda, é só um ensaio, uma primeira experiência... assim, é provável que ao invés dos abraços, eu ouça o famoso parabéns pelo telefone, que já está estrategicamente colocado do lado da cama.

E lá se vão alguns anos... dos planos originais, algumas coisas deram certo, outras eu tive que adaptar, mas creio que poucas deram errado...  Gosto de pensar que soube aproveitar os anos, tudo bem que com a minha idade, Cristo já tinha sido crucificado – mas minhas pretensões sempre foram bem mais modestas.

De qualquer forma, pessoas se casaram, se separam, nos deixaram, meu próprio pai já tinha uma família com a minha idade, e eu já era um simpático garotinho de cabelos negros e fartos...

Ainda que os  cabelos continuem negros e fartos, já tem algum tempo que eu deixei  de ser um garotinho... Os anos vieram e com eles, chegaram novas lentes, que foram me mostrando detalhes que antes passavam desapercebidos... Foi assim que meus pais deixaram de se parecer com aqueles super-heróis invencíveis e, de repente, a cada dia vejo-os com cabelos mais brancos e com passos mais lentos... Também vi algumas pessoas  queridas, aos poucos irem se perdendo nas lembranças, já tive de dar aquele terrível "até breve" para algumas pessoas e de repente, surge a consciência de que tudo um dia finda.

Mais que tudo amanhã é um dia de agradecer... por anos tão bons, por tudo o que eu já tive chance de viver e até o que não vivi, porque sei que poderei ainda tentar vive-los... 

[Interrompido...]

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Pois é, só para registro... foi um dia muito bom!!!
E confesso que tem horas que me pego pensando nessa questão do envelhecer, não tenho medo do envelhecer, mas as vezes me pego pensado em como isso vai se dar... sei lá! kkk

Enfim.. a vida segue... e lá vou eu trabalhando, trabalhado... 
Como fazia um tempo que eu não postava, esse foi um post para tirar a cisma!

Espero que todos estejam bem..  Abração!

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.
Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.
Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.
E eu te direi: amiga minha, esquece...
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.
(SONETO DE ANIVERSÁRIO, Vinicius de Moraes, 1942)

Olhos


Tal qual uma maldição, eu estava destinado a não ter a chance de compartilhar essa data ao lado Dele, a mim, caberia apenas o papel de coadjuvante, que de longe o observa passar, provavelmente cercado de seus amigos e, quem sabem, de algum mais que amigo. O tempo das revoltas e das promessas que nunca conseguiria cumprir já se foram, o tempo me trouxe a sabedoria para aceitar algumas coisas, o entendimento eu espero que os próximos anos possam me trazer também. De qualquer forma, hoje é o aniversário Dele! 

Eu confesso que gostaria de não lembrar, mas parece que por mais que eu me esforce não conseguiria, E foi assim que eu assisti a sua aproximação, dia a dia, ...

Queria poder abraçá-lo, na minha cabeça não foram poucas as ideias de surpresas e mimos, mas... somente em minha cabeça. De qualquer forma, o e-mail cuidadosamente escrito, foi enviado ainda na noite de ontem e a mensagem meticulosamente desenhada, foi enviada nas primeiras horas da manhã.

De pronto, recebo sua resposta agradecendo por eu ter me lembrado.
Por eu ter me lembrado... como se em algum momento eu tivesse tido a chance de esquecer, ainda que ele próprio tenha esquecido o meu aniversário desse ano... Talvez seja isso seja o que os poemas chamem de amor, você conseguir um desprendimento tal, que consiga deixar de lado magoas e amarras e ficar feliz pelo outro, mesmo quando você já não faz mais parte da vida do outro, ou então, está relegado a ser apenas "um cara bacana!". De coração eu espero que ele, eu e todos nós, possamos um dia ser muitos felizes.

De qualquer forma, a vida segue... e este não é mais um post magoado ou cheio de ressentimentos, confesso que pensava em deixar a data passar em branco... mas sei lá, vale o registro! Quem sabe para compensá-lo, já que ele quase nunca foi mencionado aqui no blogue.

Feliz Aniversário! 

"Na verdade, não é com meus olhos que eu te amo,
Pois eles vêem em ti milhares de coisas erradas;
Mas é meu coração que ama aquilo que os olhos desprezam"
(SHAKESPEARE, in Sonetos)


A quem possa interessar, apesar dos cotovelos inchados, eu estou bem! kkk
E nos próximos dias voltamos com a nossa programação (a)normal.
Finalmente eu tenho internet em casa!!!

Inté.

A Julietinha

A vida e seus mistérios...

Da minha casa até a casa dos meus pais são um pouco mais de 300 km que em geral eu percorro em três horas e meia, hoje, acordei cedo e peguei a estrada... um dia cinzento, meio chuvoso, que sinceramente não me agrada muito, mas vamos que vamos! As vezes algum colega pega uma carona, mas dessa vez, foi um voo solo, o que é uma ótima oportunidade para repensar algumas coisas e pensar em novas.

E foi assim que vim pensando em um "causo" de ontem... 
Em mais um capítulo da "Saga da Julieta", chegou a hora dos filhotes partirem, eles estão crescidinhos, de olhos abertos e já começam a explorar o mundo além da casinha improvisada deles. E ao chegar "na Firma" ontem, me contaram que havia só uma cachorrinha para ser adotada, e a preocupação era em função do feriado. A Julieta e o Romeu são maiores e podem sair para procurar comida, mas e a filhote?! E se ela se afastasse da casa? Enfim...

Uma colega veio me perguntar se eu sabia de alguém que pudesse adotá-la. Eu sou o tipo de pessoa que se tivesse que vender água no deserto, provavelmente morreria de fome, eu nunca gostei da ideia de vender algo. Pior, eu sou daqueles que precisa acreditar no que faz, logo, para vender algo eu preciso acreditar que realmente aquilo valha a pena -  o que as vezes nem sempre é verdade. Essa foi uma das razões que me fizeram trocar de emprego recentemente, não acreditar no que eu fazia, pior... a sensação de estar vendendo um pedaço de céu aos outros.

Mas, aceitei o desafio de ajudar a procurar um lar para a "Julietinha"... cada um luta com o que tem... e foi assim, que um e-mail aqui, outro acolá, um aviso na rede social e dedos cruzados. No fim do dia, fui surpreendido por três pessoas, que me procuraram interessados em adotar a filhote! Sai correndo pelos corredores, atrás das colegas "Greenpeace" que estavam cuidando do caso da filhote.

A princípio uma outra pessoa havia a poucos minutos aceitado ficar com ela... meus contatos estão em stand by, mas, mesmo assim fiquei feliz! Primeiro, porque todos os filhotes foram adotados, nenhum cachorrinho na rua! E, depois, por de certa forma ter vencido uma dificuldade minha, nem eu sabia que podia fazer isso. Fiquei pensando que, se um dia eu deixar o apartamento para ir morar em uma casa, eu levo a Julieta e o Romeu para morarem comigo...

Hoje, conforme as paisagens iam passando pela minha frente, não pude deixar de pensar que às vezes só o que precisamos é um pouco de fé e acreditar, pois como diz o dito popular: "No final tudo dá certo!"

Enquanto isso, no meio tempo, acho que vou ter novidades no trabalho... 


"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes
que precisarás passar para atravessar o rio da vida -
ninguém, exceto tu, só tu.
Existem, por certo, atalhos em números, e pontes, e semi-deuses
que se oferecerão para levar-te além do rio;
Mas isso te custaria a tua própria pessoa;
Tu te hipotecarias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar.
Onde leva? Não perguntes, segue-o"
(NIETZSCHE)

Manuscrito

Buenas!

Então... cá estou! Alive and Kicking...
Além de estar meio enrolado por conta do trabalho nesses últimos dias, confesso que ando meio preguiçoso para escrever... na verdade, ando pensando, pensando e por ai vai. De qualquer forma, esse final de semana eu vou por "as correspondências" em dia e retribuo as visitas e passo para ver "o pessoal".

Dia desses eu estava atrás de um arquivo e achei um texto que eu escrevi um dia desses, quem me lê a mais tempo já encontrou algumas postagens escritas à mão, quem me conhece um pouco mais de perto, já recebeu meus cartões analógico-digital [kkk]. Eu sou meio nostálgico para algumas coisas e uma delas é escrever... adoro canetas, adoro sentir a tinta molhar o papel e para mim é uma delícia ver as letras sendo desenhadas à flor da emoção... Por essa razão sendo uma postagem que estava "no limbo", é um texto que eu não terminei... mas sei lá... fica aí... Dizem que a letra revela muito sobre como somos, e já que o Cara Comum disse que eu ando mais "exibido" [kkk], lá vai...




Na verdade, o que eu iria dizer ao final, que o incomodo está na sensação desse sentimento tão grande e bonito, que se "desperdiça" a cada dia sem poder ser dado à alguém...

Enfim... That´s all folks!

Inté...

"Quando o amor o chamar
Se guie, embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados
E quando ele vos envolver com suas asas
Cedei-lhe, embora a espada oculta na sua plumagem possa feri-vos
E quando ele vos falar
Acreditai nele, embora a sua voz possa despedaçar vossos sonhos
como o vento devasta o jardim
Pois da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica
E da mesma forma que contribui para o vosso crescimento
Trabalha para vossa poda
E da mesma forma que alcança vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol
Assim também desce até vossas raízes e a sacode no seu apego à terra
Como feixes de trigo ele vos aperta junto ao seu coração
Ele vos debulha para expor a vossa nudez
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas
Ele vos mói até extrema brancura
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis
Então ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete divino
Todas essas coisas o amor operará em vos para que conheçais os segredos de vossos corações
E com esse conhecimento vos convertais no pão místico do banquete divino
Todavia se no vosso temor procurardes somente a paz do amor, o gozo do amor
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez, abandonásseis a ira do amor
Para entrar num mundo sem estações onde rireis, mas não todos os vossos risos
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas
O amor nada dá, se não de si próprio
E nada recebe, se não de si próprio
O amor não possui nem se deixa possuir
Pois o amor basta-se a si mesmo
Quando um de vós ama, que não diga 'Deus está no meu coração'
Mas que diga antes 'Eu estou no coração de Deus'
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor pois o amor se vos achar dignos determinará ele próprio vosso curso
O amor não tem outro desejo se não o de atingir a sua plenitude
Se contudo amardes e precisardes ter desejos
Sejam estes os vossos desejos
De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho que canta sua melodia para a noite
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor
E de sangrardes de boa vontade e com alegria
De acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia de amor
De descansardes ao meio-dia e meditardes sobre o êxtase do amor
De voltardes pra casa à noite com gratidão
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado
E nos lábios uma canção de bem-aventurança"