Navegar é Preciso

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes.
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o consumir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
(FERNANDO PESSOA)


No meu mundo, todo mundo deveria ter direito a viajar pelo menos uma vez por mês! Seja a trabalho, seja a passeio, seja para não fazer nada... sinto falta da época em que eu viajava toda a semana. É bem verdade que eu parecia um zumbi e era um tanto quanto esquizofrênico, mas nunca reclamei da viagem em sí. Novos tempos! Já não viajo tanto quanto antes, mas mesmo assim acredito que viajo bastante para os "padrões normais".


Hoje mais uma vez vou ganhar a estrada!! É bem verdade que as viagens tem sido bem menos divertidas do que outrora, mas ainda assim eu me divirto bastante. Amanhã serei mais um na multidão, me acotovelando no ônibus... ou brigando por um espacinho no metrô, não terei um passado, e só terei aquele momento pela frente. De certa forma esse pseudo-distanciamento me ajuda a pensar e a enxergar melhor as coisas.


O mais irônico é que eu vou tão longe para me certificar que gostaria de estar bem mais perto de casa (ehehe), mas isso são outros 500.


A vida anda corrida e não ando tendo tempo para escrever... bom, isso é uma meia-verdade... tenho até escrito bastante, mas não tenho publicado - vai entender! Quem sabe qualquer hora dessas não publico uma série de "fragmentos".


No mais ando em uma fase de batalha! Trabalho tem me consumindo bastante, e agora vou ter que me dedicar ainda mais ao meu projeto. A ordem do dia são os Amigos... alguém já disse qeu não vale a pena viver sem um bom amigo... concordo em gênero número e grau!
E assim as coisas caminham! ;-)


Sou um escritor que tem medo da cílada das palavras:
as palavras que digo escondem outras -
quaís?
talvez as díga.
Escrever é uma pedra lançada no poço fundo
(CLARICE LISPECTOR)


Coisas de Quarta-feira

"Te olho nos olhos e você reclama
Que te olho muito profundamente.

Desculpa,
Tudo que vivi foi profundamente...
Eu te ensinei quem sou...

E você foi me tirando...
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.

Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.

Até onde posso ir para te resgatar?

Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade...
De me inventar de novo.

Desculpa...se te olho profundamente,
Rente à pele...

A ponto de ver seus ancestrais...
Nos seus traços.

A ponto de ver a estrada...
Muito antes dos seus passos.

Eu não vou separar as minhas vitórias
Dos meus fracassos!

Eu não vou renunciar a mim;

Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
Vibrante, errante, sujo, livre, quente.

Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente."
(DESCONHECIDO)

Tá, é meio dor de cotovelo... okay, okay
é dor para os dois cotovelos, mas achei tão bonito... ;-)

Abração!

E o amor vos libertará

"Até então, sempre ouvira dos mais velhos que a verdade é que o libertaria, como nada para ele acontecia da forma "convencional", foi na verdade o amor que o libertou! Sentado na cama, tinha em suas mãos um pedaço de papel... amassado pela ansiedade que o consumira naqueles dias, o que ali estava escrito não mais importava, no final de tudo aquele papel seria a única prova, ou testemunha, daquele momento.

E, por fim, o tal temido momento chegou...suspirou mais uma vez. Apenas sua respiração ecoava no quarto que agora era cheio apenas por lembranças. De fato, perdia-se entre pensamentos, desejos e lembranças... a um tempo sabia que aquela decisão não tardaria a chegar e apesar de tentar, em vão, se preparar, tentou retarda-la o máximo possível.

Carregava em si muitas incertezas, logo ele que sempre primou pela lógica e organização das coisas. Mas naquele dia nada parecia fazer muito sentido. Sabia que era chegado o momento de libertá-lo, mesmo porque talvez ele já não o fosse seu a tempos, e por mais que quisesse enfeitar o pavão, o gesto nada tinha de altruísta ... era na verdade a última cartada de seu egoísmo, pois finalmente entendera que libertando-o, na verdade estava libertando a sí próprio. O peso de carregá-lo junto a si, de súbito tornara-se demasiadamente alto e não mais tinha forças para isso.

Sentia-se machucado, não era magóa, por Deus já entederá que cada coisa tem o seu tempo. Mas, mesmo que possamos aceitar um fato, sua compreensão por vezes demanda ainda muitas energia, e foi assim, apesar do gesto lhe exigir o máximo de suas forças, colocou-se de pé... o sol alaranjado já começava a se despedir daquele dia, mas ainda assim, vestiu o bem cortado terno, colocou os óculos escuros e saiu pela porta.

O som dos passos, mesmo abafados pelo carpete parecia cadenciar com as batidas do seu coração naquele momento. Sob a mesa de cabeceira ficou uma foto, "esquecida", o gesto em si não tinha nenhum significado, afinal, bastaria fechar os olhos e a poderia descreve-la com riqueza de detalhes. Talvez desenhasse se soubesse como fazê-lo.

Enfim, a noite se aproximava... e como diriam os mais velhos, nada como um dia após o outro!
"After all", aquela pessoa havia transformado o seu inverno em primavera... e mesmo que o verão agora fosse o seu outono, ainda assim... ele merecia todo o seu respeito.

E foi assim que tentando não olhar para trás, seguiu o seu caminho, tentava dar passos firmes...
"


I´m Back! ;-)
Geralmente eu terminaria esse post com Fernando Pessoa, esses portugueses (ehehe), mas hoje estou mais para Clarice Lispector... enfim, estou de volta ao jogo! ;-)


Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.
(CLARICE LISPECTOR)


Le Retour

Bom, este post é só para dizer que ainda respiro e que "tô voltando!" (ehehe). Acho que essa semana eu consigo voltar a postar, estou em falta com um bocado de pessoas, mas tudo caminha bem.

Beijo grande, otima semana... e apenas uma constatação ;-)

O sentimento do amor não-correspondido é diferente, íntimo, impiedoso.
É como jogar uma bola para o céu e ela, desafiando a gravidade, desaparecer.
E é impossível não ficar alí esperando ela voltar.
(DESCONHECIDO)