Welcome to the Matrix

Hoje eu tenho consciência que aqueles dias foram para mim mais ou menos como acontece com o Neo no filme Matrix... ehehehe a comparação é meio besta, mas, é verdade. Eu acabei descobrindo uma série de coisas que eu fazia questão de ignorar.

Eu costumo dizer que nunca havia permitido que meu coração me guiasse, eu sempre deixei a razão em primeiro lugar, ou pelo menos tentei, mesmo quando supostamente estava "enfiando o pé na jaca" eu tinha (acho eu) plena consciência do que estava acontecendo e principalmente domínio da situação.

Agora não... eu parecia aqueles filhotes de cachorro que saem de casa pela primeira vez... é tudo novo, diferente, novos cheiros, novas sensações. Pois bem... "senta que lá vem a história..."

"A Pessoa" não iria dormir comigo no hotel... eu já tinha consciência disso, ele voltaria para a casa da família dele e nos encontraríamos no outro dia, diferentemente de outras vezes... pela primeira vez na minha vida, eu ESTIVE com alguém... sem pressa, sem medo que alguém aparecesse, sem preocupações e sem o volante nem o câmbio do carro para atrapalhar, ehehehe.

Foi a melhor coisa que já me aconteceu até este momento da minha vida... e a caixa de pandora se abriu...

No início da noite saímos... ele foi tentar achar um lugar para que eu pudesse jantar... me deu recomendações de onde eu poderia ir, de onde era perigoso e no final nos despedimos... acho que voltei "levitando" para o hotel... Não haviam mais dúvidas, nem medos ou preocupações.

O dia amanheceu... tomei uma ducha, tomei café e fui explorar a cidade... vi o mar, caminhei, até que encontrei um belíssimo jardim, me sentei, tomei um café e fiquei a admirar o dia... o verde das flores, os pássaros, a vida ao redor....

Infelizmente ele não pode vir no horário combinado... veio mais tarde... mas foi legal. Saímos para comprar um lanche e voltamos ao hotel... nunca um sanduíche do Mac foi tão bom, ficamos conversando e lanchando... e por ai foi. ;-)

Como tudo o que é bom dura pouco, já era hora dele ir embora... e no outro dia cedo eu deveria retornar para São Paulo.

Nos despedimos no hotel... mas eu o acompanhei até o carro... senti um aperto no coração quando aquele carro partiu... Acordei cedo no outro dia, era um feriado na verdade, tomei café, fechei minha conta e chamei um táxi. Adiantei minha passagem para o próximo horário disponível e chegou um momento complicado... embarcar.

Caraca, que dor... tive que me segurar para não chorar... eu queria chorar e não sabia ao certo porque... liguei para ele, me despedi mais uma vez, agradeci por aqueles dias e finalmente tive que partir. Acho que de certa maneira eu queria chorar porque sabia que estaria voltando para o mundo de verdade. Sabia que talvez fosse a última vez que eu o tivesse visto... e principalmente, porque não tinha certeza se voltaria a sentir-me tão bem novamente.

A viagem foi "razoável"... cheguei em São Paulo, fui para casa... uma amiga me esperava ansiosa, eu também tinha avisado ela... conversamos horas e horas, haja chá!!!

Nos falamos diversas vezes por esses dias... e eu posso dizer que estava no céu!!!

(to be continued)
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Já me disseram uma vez que a vida está baseada em um tripé (amor, família e trabalho, acho que já disse isso, aqui)... pois bem, talvez o mais importante de toda essa história, tenha sido descobrir que eu havia sistematicamente negligenciado o "pé" relativo ao amor.

O medo de aceitar que sim, eu também posso gostar de homens tanto ou mais do que eu gosto de mulher, e de ter que lidar com todas as implicações dessa informação, fez com que eu fugisse de qualquer situação que pudesse me levar a "cair em tentação", e a perder o controle. Mas a vida é sábia... sem perceber... todas as minhas defesas foram derrubadas... uma a uma... todas minhas teorias caíram por terra e eu descobri que sim, o verde pode ser ainda mais verde, que o azul do céu pode ser ainda mais azul e que até um dia cinzento pode ter seu charme se você está amando alguém. Descobrir o quanto é bom acordar de manhã cedo e ver que há uma mensagem de bom dia no celular...

A lição que tirei tudo isso? Não importa "quem", seja homem, seja mulher, seja o que for. O que realmente importa é amar, ser amado e não ser leviano com os sentimentos dos outros. Ser homo, bi, hetero é na verdade irrelevante, tudo bem... não é fácil lidar com tudo isso, há muitas variáveis envolvidas... mas não podemos nos distanciar do principal, ser felizes!!!

Há, tem mais outra coisa... e essa talvez seja a que está sendo mais difícil para lidar, que foi descobrir que aquela "vidinha" que eu levava, não me serve mais. Mesmo as saídas "furtivas", os "pegas", não me satisfazem mais... perderam o sentido. Depois que a gente conhece o que é bom é difícil aceitar "algo menos".

(Inté)

3 comentários:

Jaleco disse...

ola...

te vi no comment do meu grande amigo aventura...

o homem de lada me despertou curiosidade... rsrsrs e aqui estou...

volto depois pra saber mais viu...

aproveito pra deixar feliz natal...

BEIJO SE FOR DE BEIJO E ABRACO SE FOR DE ABRACO

Raphael Martins disse...

Depois que a gente conhece o que é bom é difícil aceitar "algo menos".

Perfeito. Tô nessa tb.

Homem, Homossexual e Pai disse...

que lindo post! eu sempre digo isto, quando transamos a primeira vez com alguem é um momento mágico, independente da pessoa, uma porta se abre - da intimidade, da invasão od espaço pessoal, que não se fecha mais... isto foi em 2006 mas tenho certeza que ainda tem frescona memoria!

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