On the ground

Penso que não foi algo de caso pensado, mas desde criança eu aprendi que viajar era uma coisa boa, no começo da vida, além de um problema de saúde (bronquite), meu avó morava em longe e como eu ficava muito bem onde ele morava, até a escola foram várias viagens, que depois ficaram restrita as férias...

O tempo passou e minha própria história me levou de volta à estrada, por conta de um trabalho, foram mais de dois anos viajando toda semana. Essas viagens me levaram a criar um circulo muito meu de amigos e, assim, novas viagens também surgiram, muitas delas em grupo, outras em parceria e algumas sozinho mesmo. Desde então, eu nunca tinha parado de andar por aí, até que nos últimos tempos eu vi "forçado" a ficar por aqui. 

Eu sempre me identifiquei com o personagem do personagem do George Clonney naquele filme Up in the Air (Amor sem Escalas), quem viaja com frequência, começa a perceber coisas que passam desapercebidas pela maioria das pessoas que apressadas com suas idas e vindas... Quantas despedidas eu vi, quantos reencontros testemunhei, só quem para e observa, tem a chance de perceber os olhares trocados ou como um aperto de mão entre dois supostos amigos que se despedem às portas de uma sala de embarque, pode ser entendido e sentido como uma despedida de alguém que tenta disfarçar o desejo de dar um grande e apertado abraço e um demorado beijo.

Tal como o personagem, estou "em terra" por esses tempos, e isso acabou por me forçar a aceitar que sempre fui um estrangeiro na minha própria terra, ao perceber e observar a vida dos outros, eu acabei por me esquecer da minha própria... e que nenhuma daquelas histórias era, de fato, minha... Então, o que fazer?!

Sem querer, acho que acabei criando minha própria armadilha, ao não "pertencer" a lugar nenhum, eu nunca me preocupei em olhar ao meu redor e agora o desafio que se estabelece é me reencontrar aqui, descobrir essa mesma magia ao meu redor, "no meu quintal"... Mas como?! Como faz?!

E assim, começamos tudo de novo!

No meio tempo, a Páscoa me permitiu viajar e reencontrar amigos queridos! Eu adoro meus amigos e, o tempo perto deles é sempre algo muito bom, muita conversa, muito café e muitas bobeiras ditas também. Ainda que alguns deles eu não possa ver sempre, cada encontro, é como uma reafirmação dos laços estabelecidos e, como dizem os poetas, é como se tivessemos nos encontramos no dia anterior.

Gracias amigos! ;-)

E que venha o final de semana...

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperança a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme.
A grande, universal, solene pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

Sossega coração e adormeça !
(FERNANDO PESSOA)

12 comentários:

Fred disse...

Eu sempre achei que tu tens mesmo um "q" do Clooney. Ou ele de ti, claro. Hehehe! E que venha o final de semana com tudo - e todos - que ele tem direito!
PS: vou rezar que tenha sido a tattoo que me entregou... caso contrário devo começar a ficar preocupado por ser reconhecido pelo "derrier", nzé? Hahahahaha! Hugzitos!

Carlos Roberto disse...

Que isso, virou português? Gente, parece assunto de literatura portuguesa este "não-lugar", esta ausência de viagem, pois depois que o mar acaba, os portugueses estão ilhados na sua própria terra desconhecida... dai, a terra principia.

E não por acaso, vem Fernando Pessoa.

Vinícius disse...

Sabe que bateu uma invejinha (branca vanish!!!!!!) de ter não ter nenhuma raiz assim, de poder vivenciar sempre o novo. Mas eu sei como é... ter um "lar", um local onde se sente em casa é fundamental.

Mas....... mesmo assim, conseguiria dar valor a esse never ending brand new world! Acho que ia curtir isso. Quem sabe um dia!

Abraços!

Raphael Martins disse...

George Clooney ? Jogou alto, hein... rs.

Abcs.

FOXX disse...

ah, viajar é muito bom!

Unknown disse...

Sabe que esse post veio a calhar. Eu tenho uma tendência a abraçar a mudança com muita vontade. Trocar de pele. É uma característica que às vezes me incomoda. Foi bom ter lido isso.

Mas, precisamos ver para crer certas coisas, não é meu amigo? Não te preocupes.

Grande abraço

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Viagens, viagens!!! tem coisa melhor na vida? Estou ainda a tentar descobrir ...

Ro Fers disse...

Melhor do que viajar é chegar no destino e rever pessoas queridas...
Isso não tem preço...
Abraços!!!

Raphael Martins disse...

Viajado... rs

Fred disse...

"Anaksunamum"?!? #SuperTeEntendo!!! Hahahahahaha! Mas melhor ser múmia do que ninfeto, nzé? Hehehe! Hugzones!

Eduardo Paiva disse...

Me vejo muito neste texto. Muitas vezes sinto que não pertenço a lugar algum. Tenho um desejo interminável de não estar sempre no mesmo lugar, mudar os ares e ver o que nunca vi!
Morei por anos no mesmo lugar, e apesar de todos que amo estarem lá, não me vejo mais vivendo aquela vida, passando pelos mesmos lugares que passei... aliás, aqui onde estou, começo a sentir a mesma coisa.

Grande abraço,
Du Paiva.

Anônimo disse...

Viajar é bom, sempre bom ! Assim como novos desafios na vida, novas situações, pra gente se reinventar, ou começar tudo de novo mesmo e mais uma vez, de uma nova maneira ... e é assim, pode parecer estranho no começo, assim como toda nova situação que não nos é confortável, mas vc consegue. Vá lá e viva !
Abraço !!

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