Dia desses, digamos que amanheci inspirado. E, assim, comecei a mexer em algumas coisas que há tempos vinham requerendo minha atenção, prontamente me sentei no chão e fui inspecionando caixas e envelopes. O barulho viroso do papel sendo rasgado, foi subitamente interrompido quando me deparei com um envelope, branco, cuidadosamente dobrado e aparentemente esquecido em um canto.
Em um primeiro toque, não reconheci o conteúdo de volume instável, o que seria aquilo?! Macumba? Haveria eu emprestado alguma coisa e esquecido de devolver!? Me sentei na cama e coloquei-me a investigar o misterioso pacote... E qual não foi minha surpresa, ao me deparar com alguns cabos, um carregador e um mp3! Poutz...
Só então me dei conta, de que aquele era o espólio do meu último pseudo-quase-relacionamento! [kkk] Tal qual uma chave, logo me lembrei de como aquele envelope chegara as minhas mãos novamente... como foi possível esquecer de tantos quilômetros e encontros aquele simples mp3 testemunhou. Ele foi a testemunha do nosso primeiro beijo e estaria presente também quando do nosso último beijo... Ah! as lembranças...
Eu nunca fui um cara de músicas, sempre gostei dos livros e dos filmes!
Seria com ele que eu iria aprender a gostar de músicas, durante anos eu ouvi as músicas sem saber quem as cantava ou o que queriam dizer. Naquela época, nem rádio eu tinha no meu carro... Com ele eu aprendi a ouvir e a entender, e a principalmente senti-las...
Esse mp3 é viajado, me lembro quando eu o entreguei para ele, em uma tarde de domingo, ele já esteve comigo outras vezes, vinha com as músicas que ele gravava para mim, e voltava com as que eu escolhi para ele... Recordei porque ele estava condenado ao canto daquela prateleira... não me recordo se em algum momento eu cheguei a verificar o que está gravado no mp3 nessa útima viagem dele, tal qual um cápsula do tempo... ele esteve congelado! Mas talvez seja tempo de aceitar os fatos....
Enquanto ele carrega estou aqui pensando... que mesmo que ele tivesse vazio, há tantas memórias gravadas nele... olhando as peças espalhadas sobre minha mesa, reconheci também aquele envelope, branco, simples, que fora pego apresentadamente entre minhas coisas, na correria de sair para encontrá-lo e que eu mal sabia se tornaria meu bilhete para um novo dia...
Fiquei pensando no que fazer com o mp3, pensei em guardá-lo para "devolvê-lo" novamente na próxima vez que eu o encontre, se eu o encontrar... (será?!) Pensei em dá-lo para alguém, quem sabe ele ainda possa ser testemunhas de estórias com melhor sorte, ou tão belas quanto a minha...
Quero ser o teu amigo.
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...
(FERNANDO PESSOA)
14 comentários:
DEVOLVER? Never! Fica comele, com as lembranças,com as canções. Que mal tem? Não é porque não deu certo que você tenha que dar uma de "Brilho Eterno numa Mente Sem Lembranças". Nada de devolver/passar pra outro! A menos que você tenha um iPod melhor agora, claro... :-)
Master, na verdade, ele nunca foi meu... eu comprei e entreguei para ele....
E tenho a sensação de que nem que eu quisesse poderia esquecer... ;-)
Oi, Latinha!
Quantas lembranças um simples objeto pode desencadear.
Uh, eu perderia as contas de quantas viagens eu fiz ao reencontrar signos do meu passado.
Eu sempre fui muito ligado ao passado, tanto q deixava até de viver o presente, hoje tenho melhorado mais.
A gente vai mudando.
Ah, vim aqui também agradecer a visita e as boas-vindas que meu deu no meu recém-nascido bloguinho.
Tenho certeza que será uma grande catarse essa troca de experiências com blogueiros como vc.
Novas amizades fazem muito bem a alma, mesmo q comecem virtualmente.
Fico feliz por vc ter sido o primeiro a ler o meu cantinho, agora sei que comecei bem.
Grande abraço!
E nos veremos por aqui sempre! = ]
mas q musicas tinha lá, gente?
qro saber!
Por isso que a gente sempre pede jóias pro namorido... depois se ele for embora, pelo menos dá pra penhorar... né? É como eu digo|: vão-se os dedos, ficam os anéis... hahahahaha!
Hugzãooooo!
Tinha um iPod que também carregava muitas lembranças de um amor passado.
Vendi-o.
Enviei-te um e-mail com instruções sobre a votação no Pixel :-)
abc
Tenho uma caixa repleta de cartas que eu gosto de reler as vezes pra me lembrar porque algumas pessoas por mais esforço que façam jamais serão odiadas. Se te faz bem olhar pra ele, se te lembra coisas boas, pra que devolver, talvez seja melhor passar a diante, mas se te faz sentir que ele merece ser devolvido, por que não também?! As coisas devem estar onde precisam estar.
Putz... aquela da comida mastigadinha foi nojentaaaaaaa! Hahahaha! Hugzão, seu podre! Hahahahaha!
Ah! Eis um objeto útil! Se vc não tem interesse por ele, dê de presente pra quem vc gosta (um sobrinho, um irmão, um amigo, sei lá) que ficar esperando um reencontro pra devolver é condená-lo de novo ao esquecimento. Agindo assim, vc proporciona felicidade a alguém e dá fim ao dito cujo.
Mas pode ser também que vc encontre utilidade pra ele no seu dia-a-dia, e aí, basta ir trabalhando aos poucos o novo conceito dentro de vc que essa ligação do mp3 com outra pessoa acaba se diluindo.
Eu sei que falar é muito mais fácil, mas pode-se tentar, não?
Abraços!!
ufa, estava com dificuldade em descobrir onde se comenta:-)
pois então, quando li o teu texto estava a pensar: se eu tivesse tido juízo assim, não tinha perdido um grande amigo!
Achei mesmo engraçada a coincidência dos nossos textos:-)
pois então, se me permites, vou dar uma olhada no teu cantinho ;-)
ok, cá estou eu outra vez :-)
achei a ideia de trocar músicas com um mp3 super romântica:-)
tive um namorado brasileiro, uma relação muito bonita, e até hoje guardamos com muito carinho uma tremenda amizade um pelo outro, e com a história do mp3 fizeste-me lembrar que foi com músicas que eu e ele começámos a desenvolver a nossa amizade, apresentou-me Pato Fu, Björk e tudo começou com Vanessa da Mata, Minha Herança: Uma Flor :-)
já agora, que músicas havia no mp3? ;-)
Se eu tivesse dinheiro eu até contava na frente dos outros... hahahaha! Hugzão, queridónnnn!
Olá! Estive a dar uma olhadela e gostei muito do teu blog. Vou seguir :)
Quanto ao mp3, acho que devias guardá-lo sempre. De certo ele nunca vai ser tão especial para ninguém como é para ti *
Gostei muito do poema.
Beijinhos, keep righting!
Postar um comentário