Esta manhã...

"Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rastro de canções.

No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida

foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama

e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã."

(MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA, escritora portuguesa)


Minha abuela tinha uma frase que a cada dia tem se tornado "meu mantra", dizia ela que: "Tudo com tempo, tem tempo!". Hoje eu ganhei mais uma "peça" de um grande quebra-cabeça que estou tentando montar e talvez agora começa a ser possível ver que figura ele guarda. A semana foi meio morna, mas a sexta-feira trouxe fortes emoções, quase que como uma novela, teve correria, tensão, mas no último minuto, a notícia salvadora do dia chegou... Agora é hora de um "all in" e pagar para ver no que vai dar.

E como nem só de trabalho vive o homem, entre um dia e outro a gente sonha, e já que eu comecei com os escritos de uma portuguesa, para terminar na mesma "vibe", vou terminar com a voz da Teresa Salgueiro, quando ela ainda cantava com o Madredeus...


Amor que trago em segredo
Num sonho que não vou contar
E cada dia é mais sentido
Amor,
Eu tenho amor bem escondido
Num sonho que não sei contar
E guardarei sempre comigo

(MADREDEUS, O Sonho)


E que venha a semana!
Grande abraço.

Season Premiere - Four days

Em geral, na indústria, chamamos de tempo de setup o período em que a produção é interrompida para que os equipamentos sejam ajustados, de certa forma, é assim que tenho me sentido nesses primeiros dias de Janeiro. O ano dá mostras que pode ser bem movimentado, entretanto, por enquanto, a coisa segue um ritmo próprio meio que independente da minha vontade... Assim, até que as coisas começam a se desenrolar efetivamente, o jeito é [tentar] se preparar e é isso que tenho procurado fazer.

E "ontem" foi dia de reunião, mas foi uma daquelas bacanas, passei a manhã com mais duas pessoas que respeito e com quem gosto muito de trabalhar, além de serem pessoas que podemos confiar são aquele tipo de profissional que nos inspiram. Acredito que sempre fui muito sortudo no campo profissional, independentemente dos altos e baixos que a gente passa no trabalho, sempre encontrei um "guru", aquela pessoa geralmente mais experiente, muitas vezes mais velha, que de alguma forma vira um mentor. 

Enquanto isso, no campo pessoal... Acho que a frase que resume o período é: Manda o GPS que eu to perdido! :P Querer, poder, lutar, espernear, enfim, um monte de coisas a serem feitas e de repente parece que tem tão pouco tempo! Eu, que sempre fui "dos planejamento", tudo pensado nos mínimos detalhes, de repente tenho a sensação que nos últimos tempos eu ando desenhando sem rascunho. De qualquer forma, tem um texto que me ensinou um bocado de coisas e que de tempos em tempos eu gosto de reler, gosto bastante das publicações dessa coluna "Meu Erro" da revista Época, vou deixar o link aqui: "Não tive desapego". 

Mas, vamos falar de coisa boa... ;-)

Ontem de madrugada, lá estava eu zapeando quando acho o filme The Bridges os Madison County começando, já tem uns bons anos que vi esse filme pela primeira vez, na época ele me tocou muito. Uma grande amiga já havia me indicado, mas eu nunca tinha tido a curiosidade de vê-lo, até que um dia... deu certo!

Além da história do encontro entre pessoas mais maduras, Clint Eastwood e Merryl Streep arrasaram nas interpretações, e várias outras questões que o filme levanta, me pegou a forma como ele mostra que mesmo possuindo tudo aquilo que muitas pessoas julgariam o suficiente para sermos felizes, ainda assim, podemos nos sentir incompletos ou mesmo desejosos de "sabe-se lá o quê". Acho que "por muitas vezes", experimentei essa sensação... Enfim, é um filme que eu recomendo... 


(Doe Eyes - Michael Lang - Tema de As Pontes de Madison)



Há nas matas cerradas um prazer
Há nas encostas solitárias um arrebatamento,
Há sociedade, onde ninguém pode intrometer.
Pelo mar profundo e música em seu lamento
Eu não amo menos ao Homem, mas à Natureza mais.
Dessas nossas entrevistas, nas quais capturo
De tudo que eu possa ser, ou tenha sido tempos atrás, 
Para me misturar ao Universo, e sentir puro
O que nunca posso expressar, ainda que não possa esconder. ( - Byron)



That´s all folks! ;-)
E que comece o ano! 
Espero que todos estejam bem...

May I?!


Achei muito legal, e oportuna, essa imagem que recebi do Railer (do blog railer online)!!!

A matéria original pode ser acessada através do endereço:
https://www.behance.net/gallery/9633743/Flying-Mouse-Pop-Culture-2013-Batch-1

;-)

Just my imagination...

Então! Papo vai, papo vem e já estamos no dia 05 novamente... Como essa semana a gente já tem que colocar o "bloco na rua", acho que seria de bom tom fechar a conta do ano que passou. Antes eu costuma separar os anos em bons e "não bons"...  MAS, depois dos últimos anos, confesso que passei a rever minhas classificações, tudo anda meio confuso e tenho a sensação de que atualizaram o sistema operacional do mundo e não me avisaram, coisas que julgava funcionar, não funcionam mais... posturas que eu adotava, de súbito passaram a não mais me satisfazer... como diria Raul Seixas, me sinto uma metamorfose ambulante.

Assim, esse foi um ano "diferente" para mim... podia dizer "esquisito", mas sei lá, diferente acho que está bom! Acho que por não ter tido maiores expectativas no início, em muitos aspectos ele me surpreendeu, acho que tem duas palavras que podem resumir meu ano: Reencontro e Desapego. Sempre gosto de pensar na vida como um banco de três pernas: Família, Trabalho e Amor, justiça seja feita, devo reconhecer que meu banco sempre foi capenga, quase um banquinho daqueles que o pessoal da fazenda usa para tirar leite das vacas (entendedores, entenderão). Mas vamos lá...


Família. Essa sempre foi a perna mais forte do meu banquinho! Esse ano foi um ano bacana, há uma mudança "no ar", é como se tivéssemos saindo daquela coisa de pais e filhos, para "companheiros"... Há todo um respeito e os devidos protocolos é claro, mas tem rolado um clima de companheirismo na minha família, esse ano viajamos juntos, juntos também superamos algumas coisas que ocorreram, e para fechar com chave de ouro teve a chegada de mais um membro do clã, meu sobrinho. Uma cena, que foi bem bacana e que resume bem o espírito da coisa toda, aconteceu agora no final do ano... na cozinha da casa da minha irmã, uma noite enquanto fazíamos lanche e o papo corria solto, nos demos conta que tinha alguns anos que aquela cena não acontecia, todos nós [cinco] ao redor de uma mesa, rindo, falando e comendo, como nos velhos tempos! 

Trabalho. Boas surpresas vieram daqui e confesso que nem esperava muita coisa! Em 2014 eu voltei ao trabalho depois de um tempo afastado, tudo bem que remorso e culpa são ótimos para fazerem as pessoas melhorarem, mas acho que eu também estive mais "sociável" esse ano, assim o clima geral melhorou bastante. De qualquer forma, coisas boas aconteceram... eu andava me sentindo estagnado nos últimos tempos e ao longo dos meses, consegui construir pontes que podem me levar a oportunidades interessantes, novos horizontes se abriram! Para mim, o que foi mais legal, foi acompanhar que duas das coisas que estão rolando, foram ideias que nasceram "depois de muitas coisas pensantes na minha cabeça" [eheheh]! Me senti meio professor Pardal, o desafio agora é explorar todo o potencial que elas apresentam e creio que elas podem ter uma vida bem longa! 

Amor. Ah! Esse danado... pois é, estamos aí... Sempre a daminha, nunca a noiva! :P
Ainda que no geral grandes mudanças não tenham sido observadas, muitas coisas bacanas aconteceram, como sempre, eu vivo "encantado"... e dentro desses encantamentos acabo encontrando algumas respostas! Se ao longo dos últimos anos fui "perdendo" minhas paixões platônicas, passei a entender mais sobre as coisas que quero, as coisas que gosto e do que gostaria de viver. Ao longo da minha vida tive a sorte de encontrar pessoas bacanas, muito provavelmente apenas eu tenha "namorado" elas, mas aprendi um bocado de coisas com elas... Tenho certeza que elas nem imaginam o quanto me ajudaram!  Mas, estamos aí, quem sabe em 2015....


Lógico que coisas ruins também aconteceram, mas sei lá... ou eu ando tão esquisito que nem me importei mais do que devia na época, ou então realmente as coisas boas fizeram com que elas não pesarem no "computo" geral.

Hoje, enquanto voltava para casa, me lembrei dessa música e não sei bem por qual razão, achei que ela era boa para esse post...


The Cranberries - Just My Imagination


Acho que é isso, se não foi um ano "espetacular", também não posso dizer que foi ruim, importante é que foi um "vivido", onde plantei algumas sementes e agora é esperar para ver se elas germinam.

That´s all Folks!