As 7 faces do Dr. Lao

Escrito em 20/SET/2010, publicado sem correções.

Eu particularmente já "paguei" minha boca algumas vezes, mesmo não sendo dado a querer julgar os outros, eu devo confessar que já andei trupicando na lista de coisas que já critiquei ou disse que nunca faria. Nada efetivamente grave, mas ainda me assombro em determinadas situações onde descubro uma nova faceta minha.

Houve coisas que mesmo não gostando, eu repeti outras vezes, também houve outras que o "juízo" me impediu de repetir novamente, seja por pudor ou por entender que os benefícios foram muito aquém dos custos. Mas no fim, lá estamos nós de novo, infelizmente em muitos desses momentos os sonhos e a visão romântica sobre determinados assuntos são relegados a um segundo plano e prevalece o senso comum... enfim, "era o que tinha para hoje".

E assim, o gesto de fraqueza para alguns ou de falta de fé para outros, pode ser classificado como uma experiência, mais uma. Mas, apesar de toda a simplificação dos sentimentos e pragmatismo, ainda é duro olhar nos olhos vazios do outro e encarar a si próprio, junto ao reflexo desnudo dos nossos sonhos... ou seja, no final, tudo volta à nós.

Nessas horas, além de algumas dúvidas e incertezas, fica a certeza que são muitas as faces que podemos apresentar...

E a vida segue...

Tempos estranhos eu diria... andei me decepcionando com algumas pessoas próximas e até então queridas, impressionante como desperdiçamos votos de confiança com quem não merece, ou então, como lutamos contra os fatos e evidências que apontam ao verdadeiro caráter das pessoas.

Mas faz parte, o que não nos mata nos fortalece... e como eu li uma vez, o que doí mais em uma calúnia é o fato de que toda calúnia guarda em si um fundo de verdade. Nesse caso, nem foi a "calunia" nem a verdade que me aborreceram, foi talvez o fogo amigo em si.... baixei a guarda!

O mais triste é que eu sou um péssimo mentiroso e por mais que me esforce não dá para disfarçar o desconforto de reencontrar a pessoa e não poder chutar a cara da referida com os dois pés sem cair no chão.

E por falar em reencontros...

Impressionante como algumas pessoas são "práticas"... poucos caracteres em um SMS e voilá! Começa tudo de novo...

E a semana segue...


"Eu antes tinha querido ser os outros para conhecer o que não era eu.
Entendi então que eu já tinha sido os outros e isso era fácil.
Minha experiência maior seria ser o outro dos outros:
e o outro dos outros era eu". (CLARICE LISPECTOR)


Inté

A brand new day!

12/SET/2010

60 dias sem chuva! Eu já fiz tudo o que sabia e podia para ver se volta a chover, mas nada... já mandei lavar o carro, já comecei a caminhar, eu mesmo já lavei o carro por duas vezes (o que em condições normais seria suficiente para um novo dilúvio) e nada até agora, dar banho no São Benedito está em análise, mas será isso pode gerar retaliações "celestiais"?

Enfim, preciso de água... eu até consegui aguentar firme mas nos últimos dias minha garganta se entregou e lá fui eu para a cama com uma virose. Aliás, está todo mundo com "uma virose" em função da falta de chuva... que dureza, mas tirando a tosse de cachorro até que já estou bem.

No mais as últimas semanas tem sido de bastante trabalho, dois relatórios mega cabeludos acabaram por me absorver integralmente nos últimos dias e agora as coisas parecem querer voltar aos trilhos. Espero que eles sejam aprovados, do contrário, estou na roça!!!

E, em especial, as últimas semanas tem sido de um intenso aprendizado... talvez não devesse, as vezes acho que já era tempo de ter aprendido minhas lições, mas de fato não posso deixar de notar como a vida tem lá suas ironias. A cada situação percebo como nada sei e como parece haver tanto ainda para aprender...

De qualquer forma, seja a surpresa preparada por amigos do trabalho, seja a surpresa de reconhecer as iniciais no cartão deixado junto a caixa sob a sua mesa do escritório, ambas tem o seu doce sabor, quando estamos prontos para sermos surpreendidos... E a cada palavra lida e a cada linha deixada para trás, velhos e novos caminhos se misturam e quem sabe novas nuances são descobertas.

E que venha mais um novo dia!


Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

(Alberto Caeiro)